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Vertonghen, a cura discreta para todas as doenças (a crónica do V. Guimarães-Benfica)

Este artigo tem mais de 2 anos

Na AG do clube, Rui Costa disse que não ganhar é como uma doença para o Benfica. Com o V. Guimarães, Vertonghen foi a cura: quase marcou, assistiu, quis sempre atacar e nunca se esqueceu de defender.

O central belga assistiu Yaremchuk para o primeiro golo do jogo
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O central belga assistiu Yaremchuk para o primeiro golo do jogo

EPA

O central belga assistiu Yaremchuk para o primeiro golo do jogo

EPA

De há uns tempos para cá e até ao dia 9 de outubro, algo é certo: todas as semanas do Benfica são semanas de importância capital para o futuro do Benfica. Não só desportivamente, onde não têm existido problemas, mas também institucionalmente, onde se jogam as últimas cartadas que vão conduzir Rui Costa para a presidência legítima e confirmada por sufrágio. Esta semana que passou, como não podia deixar de ser, não foi exceção.

Depois de anunciar oficialmente a candidatura às eleições, num discurso curto de apenas três minutos que nem sequer teve direito a perguntas, Rui Costa encarou os sócios na Assembleia-Geral que se prolongou pela madrugada deste sábado. O Relatório e Contas relativo ao exercício 2020/21 foi aprovado com 57,70% de votos num universo de 622 sócios e o candidato e atual presidente demissionário não escondeu a vontade de romper com a época passada e partir para um futuro onde a contestação e a discussão do clube seja feita de forma interna e não publicamente.

Ficha de jogo

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V. Guimarães-Benfica, 1-3

7.ª jornada da Primeira Liga

Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães

Árbitro: Luís Godinho (AF Évora)

V. Guimarães: Trmal, Sacko, Mumin, Borevkovic, Rafa Soares, André André (André Almeida, 70′), Alfa Semedo, Tiago Silva (Janvier, 81′), Ricardo Quaresma (Rochinha, 70′), Estupiñan (Rúben Lameiras, 76′), Marcus Edwards (Bruno Duarte, 76′)

Suplentes não utilizados: Bruno Varela, Amaro, Sílvio, Handel

Treinador: Pepa

Benfica: Vlachodimos, Lucas Veríssimo, Otamendi, Vertonghen, Lázaro, Weigl (Meïté, 76′), João Mário (Gedson Fernandes, 76′), Grimaldo (Gil Dias, 87′), Rafa (Everton, 87′), Darwin, Yaremchuk (Pizzi, 66′)

Suplentes não utilizados: Helton Leite, Rodrigo Pinho, André Almeida, Morato

Treinador: Jorge Jesus

Golos: Yaremchuk (30′ e 41′), João Mário (73′), Bruno Duarte (gp, 78′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Otamendi (83′)

“Compreendo perfeitamente a frustração de todos pelos resultados que não obtivemos no ano passado. E sinto-me também responsável e também não fujo a isso. É uma frustração normal, já que estamos habituados a ter um clube a ganhar. Somos o clube com mais títulos nas modalidades mas também somos o clube com mais títulos no futebol e não ganhar, para nós, é quase uma doença. Mas não é doença diferente para vocês do que é para mim (…) Foi um ano fraco. Demasiado fraco para as nossas aspirações. E é inútil estarmos a falar de ‘Covids’ ou variadíssimas coisas. Quando se chega ao final do ano e se acaba em terceiro no futebol e se ganha apenas uma modalidade masculina de pavilhão, não se pode procurar muitas desculpas a não ser dizer que falhámos (…) A partir do dia 10, que volte a haver só um Benfica. Que voltemos a estar todos juntos, independentemente de quem ganhar as eleições. Os assuntos da nossa casa discutidos na nossa casa. Só nos podemos defender a nós próprios. Os inimigos não estão aqui dentro. Eu respeito as críticas e vou respeitar sempre, mas que sejam feitas aqui, por nós. Foi assim que cresci aqui neste clube, que me desenvolvi para a vida, a discutir os nossos temas aqui dentro. Não por esse país fora a dar azo a que os adversários tirem partido disso também”, disse Rui Costa, num discurso emotivo e sentido que vai claramente dar o mote para a campanha eleitoral que arranca na próxima semana.

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Ora, encerrada a Assembleia-Geral, o Benfica voltava a entrar em campo mas no relvado propriamente dito este sábado, no D. Afonso Henriques, contra o V. Guimarães e na antecâmara da receção ao Barcelona para a Liga dos Campeões. Com seis vitórias em seis jornadas, os encarnados procuravam permanecer totalmente vitoriosos e manter as distâncias para os principais rivais — isto porque tanto FC Porto como Sporting já haviam jogado e já haviam vencido e estavam por isso, provisoriamente, a um ponto da liderança. Do outro lado, os vimaranenses recebiam o Benfica no 10.º lugar, com apenas uma vitória desde o início da temporada e vindos de três empates consecutivos.

Jorge Jesus não podia contar com Diogo Gonçalves, que se lesionou contra o Boavista e não recuperou a tempo, e convocou André Almeida e Gil Dias. Ainda assim, a opção inicial para a direita da defesa foi o reforço Lázaro, que se estreava a titular no Benfica e que era mesmo a única alteração face à equipa que derrotou o Boavista na última jornada — ou seja, Darwin e Yaremchuk mantinham-se no onze no trio ofensivo, em conjunto com Rafa. Do outro lado, Pepa prolongava a aposta em Alfa Semedo e Borevkovic, ambos titulares no jogo da Taça da Liga contra o Sp. Covilhã.

Num dos melhores 45 minutos da Primeira Liga desde o início da temporada, V. Guimarães e Benfica deixaram claro desde os instantes iniciais que o objetivo de ambas as equipas era chegar ao golo. Darwin fez o primeiro remate da partida logo ao segundo minuto, atirando por cima da trave, e Estupiñan respondeu do outro lado ao ficar muito perto de marcar depois de um bom entendimento entre Marcus Edwards e Rafa Soares na esquerda (9′). Num jogo sempre rápido e intenso, com muitas aproximações às balizas adversárias e várias oportunidades de parte a parte, os vimaranenses não davam muito espaço para os encarnados trocarem a bola em zonas adiantadas e a equipa de Jorge Jesus demonstrava algumas dificuldades para construir a partir de trás.

Face a esse obstáculo colocado pelo V. Guimarães, depressa se percebeu que o Benfica teria de encontrar caminhos alternativos para chegar à baliza de Trmal. Os encarnados começaram a apostar em passes verticais e a explorar a profundidade, principalmente a partir da ala esquerda, e Grimaldo deu o mote ao tentar isolar Rafa à entrada da grande área (10′), num lance em que o internacional português falhou o domínio por milímetros. Apesar de a partida ter sido sempre muito discutida, o Benfica tinha mais bola mas encontrava muitas dificuldades na hora de parar Marcus Edwards, que estava inspirado e era um autêntico quebra-cabeças para Lucas Veríssimo, ou incomodar Estupiñan, que venceu praticamente todos os duelos aéreos com Otamendi e cabeceou por cima (15′) e para as mãos de Vlachodimos (22′).

Do outro lado, Yaremchuk começou a tentar afinar a pontaria com um pontapé em força que saiu ao lado (22′), Rafa também falhou o alvo na sequência de um canto (23′) e o Benfica não precisou de esperar muito mais para abrir o marcador. À passagem da meia-hora, Vertonghen subiu no terreno, encostou à esquerda e tirou um passe quase perfeito para a grande área, onde Yaremchuk aproveitou a simulação de Darwin para se desmarcar e picar a bola por cima de Trmal (30′). Os encarnados colocavam-se a ganhar com aparente facilidade mas Jorge Jesus não estava satisfeito, até porque a equipa perdia muitas bolas no início da construção e o V. Guimarães teve uma boa reação ao golo sofrido. Os vimaranenses procuraram chegar ao empate, sempre através da criatividade de Edwards e da exploração do corredor esquerdo, mas acabou por ser o Benfica a aproveitar mais um lance rápido para aumentar a vantagem.

Borevkovic perdeu a bola em zona proibida e deixou três elementos adversários contra apenas dois do V. Guimarães. Rafa assistiu Yaremchuk, o avançado ucraniano ainda falhou o remate à saída de Trmal mas beneficiou do ressalto para fazer a recarga quase sem ângulo e contra Mumin, que foi o último a tocar na bola (41′). Até ao intervalo, o Benfica até poderia ter aumentado a vantagem, com Yaremchuk a ter uma grande oportunidade para carimbar o hat-trick (44′) e Darwin a falhar por pouco um chapéu (45+1′) e a defesa vimaranense desorientou-se por completo, agradecendo o momento em que Luís Godinho apitou para o final da primeira parte.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do V. Guimarães-Benfica:]

Nenhum dos treinadores mexeu ao intervalo e o V. Guimarães voltou a entrar em campo com vontade de chegar ao golo. Marcus Edwards desperdiçou duas oportunidades consecutivas, primeiro a rematar por cima (48′) e depois a complicar após ter fintado Vlachodimos (51′), e o Benfica demonstrava alguma dificuldade para responder ao ímpeto adversário. Aparentemente confortáveis com a vantagem e com o ritmo do jogo, os jogadores encarnados recuaram no relvado e aproximaram os setores, baixaram a intensidade da pressão e passaram a ter longos períodos sem bola. Jorge Jesus, no banco, continuava sem estar satisfeito e ia pedindo que a equipa subisse e não permitisse que o V. Guimarães jogasse dentro do meio-campo adversário por completo.

Pouco depois da hora de jogo, Jorge Jesus tirou Yaremchuk e lançou Pizzi, deixando Darwin como referência ofensiva. A substituição, contudo, esteve envolta num momento caricato: o avançado uruguaio tinha acabado de perder a bola depois de não assistir o ucraniano e gesticulou para o banco depois de ser alertado, claramente descontente com o que ouviu. Pepa respondeu com as entradas de Rochinha e André Almeida para os lugares de Quaresma e André André e o V. Guimarães continuava a insistir para tentar reduzir a desvantagem e relançar a partida. O que aconteceu, porém, foi precisamente o contrário. Num contra-ataque letal, Rafa conduziu em velocidade e assistiu João Mário, que atirou em posição frontal e ainda beneficiou de um desvio em Mumin para se estrear a marcar pelo Benfica no Campeonato (73′).

Pouco depois, contudo, o V. Guimarães conseguiu mesmo reduzir por intermédio de uma grande penalidade de Bruno Duarte (78′), que tinha acabado de entrar, na sequência de uma falta de Lucas Veríssimo sobre Rochinha. Depois do golo da equipa de Pepa, o Benfica perdeu por completo o controlo da partida e muito devido a uma dupla substituição mal calculada de Jorge Jesus — o técnico tirou João Mário e Weigl de uma assentada, colocando Gedson e Meïté, e os encarnados deixaram de ter a gestão do meio-campo e passaram os minutos finais totalmente recuados no último terço a tentar afastar as investidas vimaranenses.

Ainda assim, o Benfica venceu o V. Guimarães no D. Afonso Henriques, somou a sétima vitória em sete jornadas e manteve os quatro pontos de distância para FC Porto e Sporting na liderança isolada da Liga. Apesar de Yaremchuk ter marcado dois golos e ter sido crucial para a conquista dos três pontos, acabou por ser Vertonghen o herói discreto dos encarnados: o central belga fez a assistência para o primeiro golo, teve uma boa oportunidade para marcar com um cabeceamento ao lado, esteve sempre muito envolvido no desenho ofensivo e esteve totalmente intransponível na defesa, principalmente num dia em que Lucas Veríssimo esteve abaixo do normal. Na Assembleia-Geral do Benfica, Rui Costa disse que não ganhar, para os encarnados, é como uma doença. Este sábado, Vertonghen foi a cura de todas as doenças.

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