A Espanha marcou primeiro à entrada dos últimos 25′ da final da Liga das Nações, disputada no passado domingo, e Benzema empatou para a França um par de minutos depois, com um golo que foi um autêntico Arco do Triunfo. Já à entrada para os últimos dez minutos do encontro, disputado em Milão, no Giuseppe Meazza, Mbappé fez o 2-1 final, completando a reviravolta gaulesa e o alcançar de mais um troféu para a vitrina dos franceses. No entanto, tal não aconteceu sem polémica.

Mbappé foi desmarcado nas costas da defesa espanhola por Theo Hernández, mas estava em posição de fora de jogo aquando do passe. O central da Espanha Eric Garcia tenta jogar e cortar a bola, acaba por tocar-lhe, mas esta sobrou mesmo para o craque do Paris Saint-Germain, que com muita classe acabaria por bater o guarda-redes Unai Simón.

A questão do possível offside, no entanto, valeu protestos espanhóis logo após o lance e, claro, depois do jogo, sendo que nos jornais desta segunda-feira, dependendo um pouco de onde são e da língua em que estão escritos, a interpretação da regra e do lance são diferentes. Ou seja, é provável que ao ler a Marca ou Le Parisien, no que toca ao golo de Mbappé, não se encontre bem a mesma conclusão… A RMC, por exemplo, destaca que os “espanhóis choram escandalizados”.

Mas para explicar a situação de uma vez por todas, o especialista em arbitragem Pedro Henriques, explicou no programa “E o campeão é…”, da Rádio Observador, que o golo é totalmente legal. De forma indiscutível. “O golo da França é completamente legal e é lamentável que muito do universo do futebol não conheça as leis. Lei 11 do fora de jogo, página 94, ainda por cima algo que foi reforçado este ano… Não se considera que um jogador tira vantagem da posição de fora de jogo – e aqui leia-se Mbappé -, quando recebe a bola de um adversário, neste caso Eric Garcia, que joga a bola deliberadamente. O jogador olhou para a bola e quis jogá-la, cortá-la e mesmo sem querer coloca a bola nos pés do adversário. Não se considera que um jogador tira vantagem. Está na lei. Além da equipa de arbitragem estavam quatro videoárbitros, três ingleses e um holandês, todos internacionais, árbitros de Champions”, explicou, acrescentando que “é só ridículo as pessoas que estão à volta disto”.

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Claro que foi do balneário espanhol que saíram declarações mais contundentes em relação ao lance, com Eric Garcia, ao fim ao cabo a figura essencial do lance, a explicar, em declarações citadas pela Marca: “Atirei-me à bola e toquei-lhe, com Mbappé em fora de jogo. O árbitro disse-me que tenho intenção de jogar a bola e que devia ter desistido do lance para Mbappé controlar a bola, que essa é a regra. Creio que isso é o que dói mais, nunca na vida um defesa pode desistir ali. Oxalá que mudem a regra”.

Busquets, capitão de equipa e um dos melhores espanhóis em campo, disse que o árbitro Anthony Taylor disse que foi efetivamente por Garcia jogar a bola que “o fora de jogo é anulado”. “A nós não nos explicam isso assim. Tens de querer jogar a bola e Eric só quis cortar”, acrescentou.

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Já Oyarzabal, marcador do tento espanhol e que mesmo em cima do encontro viu Lloris, com uma defesa fantástica, negar-lhe o golo do empate, disse que “todos sabem que é fora de jogo”. “Quem criou esta lei nunca jogou futebol e não sabe o que faz. O Eric Garcia não quer jogar a bola, quer aliviar”, concluiu o avançado. Quem está habituado a falar com Taylor, visto estar no futebol inglês há vários anos, é Azpilicueta, com o defesa espanhol a dizer que “o fora de jogo é claro”. “O árbitro está lá para decidir, o que lhe disse foi para ir ver ao monitor. Fora de jogo é claro, mas ele argumenta que o Eric tem possibilidades de jogar a bola. Não é o árbitro que toma a decisão, decide o VAR e isso é que me custa a entender”.