Espanha celebra esta terça-feira, 12, o Dia da Festa Nacional e com o levantamento de algumas restrições da pandemia foi possível retomar o habitual desfile militar presidido pelos reis de Espanha. No entanto, foi o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez o alvo principal desta cerimónia tendo sido vaiado e recebido apupos das centenas de espanhóis que assistiam à celebração.

Aconteceu em 2018 e em 2019, e repete-se este ano a crítica popular ao chefe do governo espanhol durante a cerimónia do Dia da Festa Nacional. À chegada ao Paseo de la Castellana, em Madrid, Sánchez foi recebido com protestos e gritos dos que assistiam assim que o seu nome foi anunciado nos altifalantes. “Traidor” e “demissão” foram as palavras mais ouvidas à sua passagem, ainda que o local onde se encontravam as entidades estivesse afastado do público que assistia.

Segundo o El Mundo, Sánchez e a sua comitiva chegaram apenas dois minutos antes dos próprios Reis de Espanha, que vieram acompanhados pela infanta Sofia. O primeiro-ministro tentou em vários momento procurar a proximidade com o rei Filipe VI, quebrando até alguns protocolos, mas nem isso impediu que o público se contivesse nas críticas.

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Apesar de a cerimónia ter voltado a acontecer este ano, foi pensada num formato mais reduzido o que implicou que o próprio desfile também fosse mais curto — menos de dois quilómetros — tendo a polícia vedado os acessos de forma a que o público ficasse a pelo menos 100 metros de distância dos reis e dos membros do governo. Porém, os gritos eram audíveis ao longo de todo esse percurso. À passagem de Sánchez ouvia-se “fora, fora” e “demissão de Sánchez”.

Os apupos constantes ao primeiro-ministro espanhol contrastam com o afeto com que o rei Filipe VI e a rainha Letizia foram recebidos no Paseo de la Castellana, com o público a gritar “vivas para o rei” e “vivas para  Espanha”.

O lema do desfile este ano é “Serviço e Compromisso”, em reconhecimento do trabalho das Forças Armadas durante a pandemia, em catástrofes naturais como a tempestade Filomena, na erupção do vulcão La Palma ou na retirada dos cidadãos afegãos.

Puigdemont diz que “Hispanidade” tornou-se sinónimo de “genocídio”

O Dia da Festa Nacional, ou Dia da Hispanidade, foi instituído pelo rei Juan Carlos I através de um decreto assinado em 1987, no qual afirma que a data “simboliza o aniversário histórico em que Espanha, a ponto de concluir um processo de construção do Estado de nossa diversidade cultural e política, bem como a integração dos reinos da Espanha na mesma monarquia, começou um período de projeção linguística e cultural para além das fronteiras da Europa”. O feriado celebrado esta terça-feira homenageia a chegada de Cristóvão Colombo ao continente americano.

O ex-presidente do governo catalão Carles Puigdemont fez saber esta terça-feira, que “Hispanidade” se tornou “sinónimo de genocídio, dominação violenta e negação de línguas e culturas”, numa publicação na sua conta de Twitter.

“O declínio que a Espanha fez da ‘Hispanidade’ ao longo dos anos consolidou-a como sinónimo de genocídio, dominação violenta e negação de línguas e culturas que perpetraram, em seu nome, um império baseado na guerra, roubo e crime generalizado”, escreveu o antigo presidente da Generalitat.