Os servidores da versão chinesa do Fortnite vão ser encerrados no dia 15 de novembro, o que significa que, a partir desse dia, não vai ser possível aceder ao jogo no país. O anúncio foi publicado na página oficial chinesa do Fortnite esta semana. O registo de novos utilizadores estava impedido desde segunda-feira.

O título da Epic Games foi lançado na China em julho de 2018, em parceria com a Tencent, empresa de serviços de internet e videojogos do país, que adquiriu cerca de 40% de participação da Epic Games, a criadora do jogo, há cerca de 10 anos.

Este é um dos videojogos com mais sucesso de sempre, com mais de 500 milhões de utilizadores registados até ao mês de junho. O seu principal modo de jogo, Battle Royale, coloca 100 jogadores num mapa a lutar pela sobrevivência, com recurso a variadas armas e ferramentas de construção de estruturas provisórias para abrigo, e o último jogador em campo é o vencedor, como podemos ver no vídeo da página da Playstation no Youtube.

O jogo tornou-se, segundo a CNN, num “fenómeno cultural”, contando com a participação, através de eventos virtuais, de artistas como Travis Scott e Marshmello, ou do realizador Christopher Nolan.

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Apesar do Fortnite ser descrito no resto do mundo como um produto finalizado, o comunicado da página do título na China descreve-o como uma “versão de teste”, e apenas agradeceu aos jogadores que “participaram no período de testes ao Fornite”. Esta decisão terá partido do governo chinês que, segundo Daniel Ahmad, membro da Niko Partners, empresa especializada na análise de dados de videojogos no mercado asiático, “nunca aprovou o jogo”:

Só para esclarecer, o Fornite nunca foi lançado oficialmente na China. O jogo esteve a ser testado nos últimos dois anos, e não incluía IAP (in app purchases- compra de itens dentro do jogo). Isto porque o jogo nunca foi aprovado pelo governo, e por isso não podia ser lançado e monetizado. Daí o encerramento agora.”, disse Ahmad, na sua página do Twitter.

O Fortnite está disponível para descarregamento gratuito, mas as transações dentro da aplicação (as referidas in app purchases) para comprar itens para personalizar esteticamente a personagem utilizada constituem a sua principal fonte de rendimento. Desta forma, com a versão chinesa a proibir estas transações, a Epic Games não conseguia lucrar com o jogo.

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O setor dos videojogos tem sofrido graves restrições por parte do Estado chinês. O governo proibiu, em agosto, menores de 18 anos de jogar durante a semana, e apenas permite que os jovens joguem no fim de semana durante três horas. Em setembro, o executivo chamou a Tencent, a NetEase e outras empresas do setor tecnológico para discutir restrições em streaming de conteúdos e videojogos para menores, e apelou às empresas para que se “desviassem do foco de procurar o lucro e atrair jogadores e fãs”.