Está em marcha a primeira grande batalha de Carlos Moedas enquanto líder da autarquia lisboeta: a suspensão da linha circular do metro. À boleia de uma moção que o PCP vai apresentar na reunião privada de câmara desta quarta-feira, o executivo deverá aprovar uma moção para a suspensão da linha circular o metro. Ao que o Observador apurou Carlos Moedas inclina-se para votar a favor da moção dos comunistas, o que significa que a aprovação estará garantida.

Estando já em andamento algumas empreitadas e concursos lançados para a execução da obra, o objetivo imediato da aprovação desta moção é o de pressionar o Governo a “suspender todo o processo relativo à construção da linha circular” com uma instrução ao Metropolitano de Lisboa para que não seja assinada a “concessão da obra dos viadutos do Campo Grande”.

A moção que deverá ser aprovada prevê que seja pedida ao Governo “uma articulação urgente com a Câmara Municipal de Lisboa” para que seja feita a reavaliação do impacto da suspensão imediata das obras da linha circular e, mais além, sejam refeitos os projetos e respetivos “estudos de impacto financeiro”.

Ao Observador, o vereador comunista João Ferreira nota que ainda que a decisão não seja da autarquia, desenvolvendo-se o projeto, “a câmara municipal terá sempre uma palavra a dizer”. “Seria complicada a insistência do Governo” perante este posicionamento da autarquia, considera João Ferreira recordando uma recomendação já aprovada pela Assembleia da República.

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“A Assembleia da República determinou, relativamente à expansão da rede do metropolitano de Lisboa, que deveria ser dada prioridade à expansão da rede de metropolitano até Loures, bem como para Alcântara e a zona ocidental de Lisboa, suspendendo-se o processo de construção da Linha Circular entre o Cais Sodré e o Campo Grande. E ainda que o Governo deveria, através do Metropolitano de Lisboa, promover um estudo técnico e de viabilidade económica, que permita uma avaliação comparativa entre a extensão até Alcântara e a Linha Circular”, sustenta o PCP na moção.

Carlos Moedas já terá reunido também com o presidente do Metropolitano de Lisboa, avançou o Correio da Manhã citando o presidente que diz que acredita que ainda será possível “resolver o problema do transbordo no Campo Grande e de corrigir o troço que passa na Estrela.

A solução “em laço”, promovida por Moedas durante a campanha eleitoral, permitiria proteger a zona da Estrela, uma das preocupações que compõem a oposição ao projeto do Governo. “Nesta matéria, não falo como presidente da Câmara, mas como engenheiro, sabendo que esta solução terá menos problemas de subsolo do que aquela que está hoje em cima da mesa”, afirmou Moedas ao Correio da Manhã.

O PCP “não se encaminha de imediato” para a “solução em laço” apresentada por Moedas. Diz João Ferreira que “é importante estudar todas as opções, considerando o que já está feito e lançado e os custos que isso implicará”. “A empreitada até ao Cais do Sodré já está lançada, mas não concretizada. É possível aproveitar o que já está a ser feito na linha amarela”, exemplifica o vereador comunista.

No texto da proposta, quer ainda o PCP que sejam definidas como prioridades para a expansão da rede do metro até “Alcântara e à zona Ocidental de Lisboa”; a “ligação a Loures, através da linha amarela” e a “ligação a Benfica através da linha verde, via Telheiras”.

Explica João Ferreira que, sendo o projeto composto por várias fases, com algumas já em em curso, a fase que implica a construção dos viadutos no Campo Grande (e respetiva configuração circular) é a última e aquela que ainda é possível deixar de parte. O argumento usado pelo Governo da atribuição de fundos comunitários é insuficiente e soma-se às críticas dos especialistas, peritos e da Agência Portuguesa do Ambiente, sustenta o vereador do PCP.