Na quarta-feira, a NASA vai fazer colidir uma nave contra um asteroide “de propósito”. Como explica a agência espacial dos EUA, é a primeira vez que se vai tentar desviar de rota um destes corpos celestes. Objetivo? Perceber se é possível fazê-lo caso aconteça um cenário como aquele que Bruce Willis, Ben Affleck e Liv Tyler tiveram de enfrentar no filme “Armageddon”.

A missão — cujo lançamento poderá acompanhar o lançamento através da página oficial da agência espacial — chama-se DART, siglas para “Double Asteroid Redirect Mission” (em português, algo como “Missão de Redirecionamento de um Asteroide Duplo”).

A nave do tamanho de “um frigorífico” e com 550 quilos, como explica o The Verge, vai ser lançada a partir da base espacial de Vandenberg, na Califórnia, às 22h21, hora local (06h21 de Lisboa), e utilizará um foguetão Falcon 9, da Space X, para chegar ao espaço.

O embate com o asteroide, apelidado de Dimorphos, só ocorrerá a 26 de setembro de 2022 e deverá alterar o ângulo em que o corpo celeste estava numa fração menor a 1%. Segundo explica a NASA, este asteroide — que orbita um maior, chamado de Didymos — tem um diâmetro de cerca de 160 metros e viaja a uma velocidade de seis quilómetro por segundo, pelo que, estima a agência espacial, bastará um pequeno embate para um desvio considerável.

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Quanto ocorrer este embate, a pequena nave vai ficar destruída. Contudo, um mini-satélite construído pela agência especial italiana, ejetado 10 dias antes da nave da missão DART e designado LICIACube, vai capturar imagens de todo o processo e enviá-las para a Terra. À revista National Geographic, Simone Pirrotta, coordenadora de projeto italiano, diz que este engenho vai ser responsável por “testemunhar em tempo real” o sucesso da missão.

Nem o Dimorphos nem o Didymos representam ou representarão uma ameaça para a Terra. Porém, se a missão correr como a NASA espera, podem vir a ser associados a futuros projetos que poderão salvar o planetas de asteroides que possam estar numa rota de colisão com a Terra.

Missão inédita da NASA. “Se um asteróide for detetado a caminho da terra não temos como responder”

Uma tecnologia para salvar a Terra que só é possível nos nossos dias

Ao The Verge, Tom Statler, cientista da NASA no projeto DART, diz que, “com a tecnologia atual, somos capazes de pelo menos começar a causar impactos em asteroides e evitar desastres naturais”. Há 30 anos isto seria impensável, refere ainda o especialista.

No final do dia, o objetivo do DART é que a Terra esteja preparada para um cenário como aquele contado no filme “Armageddon”. Porém, sem a parte de enviar humanos para um asteroide para evitar um desastre.

Se DART não seja bem sucedida, presume-se que a humanidade não terá de se preocupar durante os próximos 100 anos com ameaças espaciais como esta que se quer conseguir evitar. Mesmo assim, o mesmo órgão de comunicação social explica que a NASA quer estar preparada para eventuais surpresas.

Depois de o LICIACube capturar o momento, será a vez da Hera, uma nave da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) confirmar o sucesso da missão. Contudo, e mesmo sendo lançada em 2024, este engenho europeu só chegará à Dimorphos e à Didymos em 2026.