A TAP registou prejuízos de 627,6 milhões de euros até setembro, o que traduz uma melhoria de 73 milhões de euros face ao mesmo período do ano passado. Em comunicado, a empresa liderada por Christine Ourmières-Widener aponta para o impacto negativo de 125,3 milhões de euros de diferenças cambiais que impediu uma redução maior de perdas.

Numa mensagem a acompanhar os resultados, a presidente executiva refere uma recuperação “lenta” de um período muito difícil e mostra-se “cautelosamente confiante” na continuação desse caminho. ”

“A abertura das fronteiras nos principais mercados da TAP está refletida na sua performance financeira dando-nos o primeiro sinal de uma recuperação lenta de um período difícil e desafiante para a indústria da aviação, para a companhia e para os seus satekeholders. Estamos cautelosamente confiantes que esta tendência será sustentável e que será refletida na situação financeira da TAP”.

Num comunicado divulgado à mesma hora em que o primeiro-ministro anunciava medidas de controlo aos passageiros nas viagens — a entrada em Portugal vai exigir um teste negativo mesmo para quem tem certificado digital –, a empresa destaca que a margem bruta recorrente (EBTIDA) registou um valor positivo de 65,6 milhões de euros no terceiro trimestre, apesar de os resultados líquidos e operacionais continuarem no vermelho nestes três meses.

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Do lado das receitas, a TAP destaca a recuperação a partir do verão. No entanto, o valor de 826,8 milhões de euros ainda representa uma queda de 1,7% face ao mesmo período de 2020 — a pandemia só teve impacto na operação a partir de março desse ano — e estão 67% abaixo das registadas em 2019. A queda sentiu-se apenas no segmento de passageiros, já que as receitas da carga mais do que duplicaram. A abertura tardia das fronteiras no Brasil e o facto de o mercado americano ter estado fechado até setembro travaram o ritmo de recuperação. O Brasil, que representava 20% das vendas antes da pandemia, abriu a 1 de setembro.

Focando apenas no terceiro trimestre, o resultado negativo foi de 134,5 milhões de euros, uma ligeira melhoria face ao segundo trimestre do ano que reflete os já referidos efeitos cambiais. A TAP diz que estas perdas resultam de perdas do euro face ao dólar devidas em rendas futuras da compra de aviões e por isso sem impacto na tesouraria.

Já as receitas operacionais entre julho e setembro duplicaram para 443,7 milhões de euros, face ao trimestre anterior, enquanto os custos tiveram “um aumento modesto de 27,9%” explicado pelo agravamento do custos com o combustível e com a operação de tráfego. O número de passageiros neste período subiu 127% face ao trimestre anterior e 144% em relação ao mesmo período do ano passado.

Apesar da queda de receita de 91,2 milhões de euros, a TAP sinaliza um aumento do load factor (taxa de ocupação) para uma média de 58,7% nos primeiros nove meses do ano, graças à procura registada no verão. Os ASK (oferta de lugares por quilómetros voados), um indicador importante no setor da aviação, estão a subir face ao mesmo período do ano passado, ainda que “a um ritmo moderado”.

Número de trabalhadores caiu 114 no trimestre, incluindo despedimento coletivo

A TAP reduziu o número de colaboradores em 114 no terceiro trimestre, mas registou um acréscimo de 11,7% nos custos com pessoal atribuído a fatores variáveis relacionados com a recuperação da atividade. A maioria dos trabalhadores que saíram da empresa resultou de acordos voluntários, mas a empresa diz que já se verificaram saídas no quadro do despedimento coletivo que decorreu entre 1 de setembro e 16 de outubro.

Numa altura em que se aguarda pela luz verde da Comissão Europeia a mais uma tranche de ajuda pública para compensar os danos causados pela pandemia — no valor de 150 milhões de euros — a TAP dá conta de uma descida de 145 milhões de euros na sua posição de liquidez desde o segundo trimestre para 397,6 milhões de euros no final de setembro. A empresa diz que tem feito um esforço para pagar os reembolsos de voos que foram cancelados.

A TAP sinaliza que continua a aguardar a aprovação do plano de reestruturação por parte da Comissão Europeia — a presidente executiva referiu recentemente a estimativa do Natal — apesar de estar já a aplicar as medidas. Nas notas aos investidores, a empresa informa que a continuidade das operações está dependente da aprovação daquele plano e da obtenção de financiamento acionista, direto ou indireto e/ou de recursos financeiros externos e/ou da aprovação de compensações para prejuízos do Covid-19.