O Presidente da República considera que os partidos concorrentes às eleições devem clarificar a posição sobre a TAP antes das eleições de 30 de Janeiro para que “não haja angústias metafísicas”. Numa plateia com muitos defensores do apoio à transportadora aérea, no congresso da Associação Portuguesa das Agências de Viagens (APAVT), Marcelo Rebelo de Sousa diz que é um dos que defendem a importância de manter um “hub” aeroportuário forte em Portugal e isso “implica apostar na viabilização da TAP, não há alternativa”, afirmou esta quarta-feira na sessão de abertura do congresso que se realiza em Aveiro até 3 de dezembro.

“A alternativa de esperar que caia do céu, ou venha de uma galáxia diferente ou de outro país” uma solução que, no caso da extinção da TAP, assumiria um papel de substituto em aspetos fundamentais como o serviço à diáspora, “é esperar o impossível”. O Presidente também defendeu a SATA (transportadora açoriana) e admitiu a realização de parcerias para a TAP, mas a nível nacional.

Marcelo Rebelo de Sousa apelou ainda ao futuro Governo que tome a decisão sobre o novo aeroporto de Lisboa em 2022.  Comentando os avanços e recuos deste processo, o Presidente avisou que o país não “suporta tacitismos, tome-se uma decisão e tome-se em 2022”.

Nova solução para aeroporto só é decidida em 2023, o ano em que o Montijo deveria estar pronto

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Depois de o aeroporto complementar do Montijo ter encalhado no parecer negativo de algumas autarquias, o Governo promoveu um concurso internacional para escolher a entidade que vai fazer a avaliação ambiental estratégica de três opções. Esta entidade vai ser escolhida no próximo ano, mas a decisão final sobre o aeroporto foi atirada para 2023. Marcelo confessou que gostava de ver o resultado de uma decisão (a construção de uma infraestrutura) antes do fim do seu segundo mandato (2025).

As declarações do Presidente da República ecoaram as preocupações manifestadas pelos representantes do setor do turismo sobre os dois temas. Pedro Costa Ferreira, o presidente da APAVT, defendeu que manter o hub aéreo em Lisboa não parece possível sem uma TAP com dimensão. Reconhecendo que o país está dividido sobre os apoios à transportadora aérea agora controlada pelo Estado, Costa Ferreira deixou a pergunta no ar:

“O que é mais caro? Apoiar a TAP ou regredir dez anos no turismo?”

Sublinhou ainda que defender a TAP não é “isentar a empresa” de ter uma gestão rigorosa e com resultados positivos.

Resolver o problema da solução aeroportuária e da ligação de alta velocidade ferroviária entre Lisboa e Porto, face às anunciadas dificuldades em realizar voos de curta duração (que correm o risco de ser interditos em nome da descarbonização pela Comissão Europeia), foram outras prioridades destacadas pelo presidente da APAVT e sobre as quais também o Presidente da República pediu a clarificação dos partidos.

Para Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal, o aeroporto é o tema da “vergonha” que está para ser decidido há 50 anos. “Não é aceitável que a principal infraestrutura esteja para decidir há 50 anos. O futuro da nossa economia passa pelo turismo” que, acreditam os dirigentes do setor, vai liderar a retoma.