A crise política provocada pelo chumbo do Orçamento do Estado “foi um desperdício de oportunidades” porque as pessoas e as empresas esperam estabilidade do Estado, considerou o ministro da Economia. Pedro Siza Vieira defendeu ainda que o Governo mantém capacidade orçamental e flexibilidade jurídica para dar respostas. O grande problema “é se não formos capazes de ter uma solução governativa no pós-eleições”, avisou o ministro adjunto do primeiro-ministro no terceiro dia do 46.º Congresso da Associação Portuguesa das Agência de Viagens (APAVT) esta sexta-feira em Aveiro.

Se essa solução governativa não existir, teremos de “ir gerindo”. Mas mesmo nesse cenário Pedro Siza Vieira diz que “não é pessimista” e lembra que Espanha teve três anos sem Governo, dando ainda outros exemplos na Europa. A capacidade de resposta do Governo está assegurada, o que não pode “haver é grandes impulsos políticos sem a clarificação que as eleições trazem”.

O ministro adjunto do primeiro-ministro sublinhou ainda que das conversas que tem com investidores o que valorizam mais em Portugal é a estabilidade que “tem mesmo um valor” que é mais mencionado do que temas como a fiscalidade.

Portugal, defendeu, até passou relativamente bem nos períodos mais complicados da pandemia e uma da razões para isso foi uma grande coesão social e política. “Não tivemos dificuldades em tomar as decisões” necessárias.” As pessoas valorizam a segurança, a coesão nacional e a estabilidade. Espero que seja preservado”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Numa conversa com Pedro Costa Ferreira, o presidente da APAVT, Siza Vieira justificou ainda a decisão de não viabilizar o Orçamento do Estado a qualquer custo porque o Governo não esteve disponível para aceitar matérias que não tinham a ver com o Orçamento e que afetariam a vida das empresas e das pessoas.  Mudanças “muito significativas” da política laboral e da Segurança Social com consequências a prazo muito importantes.

O ministro da Economia deixou no ar a possibilidade de apoios específicos às empresas de turismo — nomeadamente na recapitalização das micro e pequenas empresas — , mas não se comprometeu com o prolongamento até ao final ano das ajudas a fundo perdido do Programa Apoiar que terminaram em abril.

Siza Veiria defendeu a TAP, lamentou o arrastar da decisão sobre o aeroporto de Lisboa e até deixou uma receita para acautelar a subida da inflação e das taxas de juro: “O que temos de fazer é evitar uma subida da dívida pública”. Mas deixou sem resposta a pergunta mais pessoal: “Vai sair do palco num futuro Governo socialista?”

Convicto de que António Costa não o convidou para o Governo “só poder ser amigo dele”, Pedro Siza Vieira afirmou que tem muito gosto e honra e até acha que ajudou “a que as coisas não tivessem sido tão más”. Mas também lembrou: “Eu não vivo disto”. E perante a insistência de Pedro Costa Ferreira — “Basta dizer que sim ou não” — Siza Vieira passou a bola: Muitos dos que aqui estão conhecem a minha mulher (Cristina Siza Vieira é presidente executiva da Associação Portuguesa Hotelaria) e sabem que tenho de conversar com ela primeiro”.