Um estudo em pré-publicação afirma que a nova variante do coronavírus, a Ómicron, pode ser resultado de uma recombinação de material genético do SARS-CoV-2 com o de um vírus da constipação comum, quando os dois agentes patogénicos infetaram a mesma pessoa ao mesmo tempo. As constipações podem ser causados por uma grande panóplia de vírus, incluindo outros coronavírus.
Uma análise genética da NReference, uma empresa de dados biomédicos norte-americana, sugere que pelo menos uma das mutações da variante Ómicron é um trecho de material genético de outro vírus. Essa mistura pode ter acontecido nas células de um hospedeiro simultaneamente infetado pelo SARS-CoV-2 e por esse esse segundo vírus.
A porção de material genético não estará em nenhuma outra variante do SARS-CoV-2, mas também estará incorporada no genoma humano — porque parte dele é, de facto, obtido através dos milhares de anos de interação com o mundo viral. A teoria dos investigadores é que esta mutação pode não ser reconhecida pelo sistema imunitária, permitindo ao vírus escapar à vigilância do organismo.
O estudo, que ainda não foi revisto por cientistas independentes para validar a informação, aponta o dedo ao HCoV-229E, um coronavírus que infeta humanos e morcegos e que, segundo a base de dados desta empresa, contém a mesma peça de material genético presente numa das mutações da variante Ómicron. Mas a mesma sequência genética também foi encontrada no vírus da imunodeficiência adquirida (VIH).
Como recorda a Reuters, que noticiou este estudo, a África do Sul (onde a variante Ómicron foi identificada) é o país com a mais alta taxa de infeção por VIH, o vírus causador da sida, uma doença que diminui as competências do sistema imunitário e o torna mais vulneráveis a infeções oportunistas — incluindo pelos vírus da constipação. Mas mesmo a origem da nova variante é uma incógnita: é possível que ela se tenha proliferado neste país, mas tenha surgido noutro ponto do mundo.