À entrada para a última jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões, esta quarta-feira, o Chelsea já sabia que estava apurado para os oitavos de final e que não tinha de contar com essa preocupação. Contudo, o jogo contra o Zenit não deixava de ter uma camada adicional: a necessidade de fazer o melhor resultado possível para ficar na liderança do grupo, à frente da Juventus, e escapar aos adversários teoricamente mais complexos na fase seguinte.

Ainda na ressaca de uma derrota com o West Ham que deixou fugir a liderança da Premier League, o Chelsea aparecia em São Petersburgo com um onze inicial de “segunda linha” — e “segunda linha”, neste caso, tem mesmo de ser escrito entre muitas aspas, já que Thomas Tuchel tem a facilidade de gerir a equipa e lançar os menos utilizados sem perder uma qualidade muitos níveis acima da média.

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“É uma boa oportunidade para fazer alterações mas as decisões ainda não foram tomadas. O calendário é o que é e temos de lidar com isso. Estamos com dificuldades devido a lesões, como no meio-campo. Tivemos um dia de folga, dois bons treinos e os rapazes parecem frescos. Tenho 17 prontos para jogar mas o problema é o próximo jogo, no sábado, porque vamos perder tempo no regresso, chegamos bem cedo na manhã de quinta-feira. Portanto, é uma longa história e uma mensagem curta: há uma grande chance de darmos descanso a alguns jogadores e, mais importante, daremos minutos e ritmo a alguns jogadores que precisam de carga competitiva”, disse o treinador alemão, antecipando desde já a receção ao Leeds no fim de semana e sublinhando as ausências de Kovacic, que testou positivo à Covid-19, e dos lesionados Kanté e Jorginho.

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Assim, os blues atuavam com o ex-FC Porto Sarr no trio defensivo, com Saúl e Ross Barkley no meio-campo e Timo Werner no apoio a Lukaku, que voltou há pouco tempo de lesão. Rüdiger, Thiago Silva, Pulisic, Ziyech e Havertz começavam todos no banco de suplentes e até o guarda-redes Mendy era poupado, com Kepa a assumir o lugar entre os postes. Do outro lado, num Zenit que procurava pontuar para ficar à frente do Malmö para assegurar a Liga Europa, o ex-Sporting Wendel aparecia no onze inicial.

O Chelsea entrou no jogo com o pé no acelerador e aproveitou um arranque totalmente em falso do Zenit, que ao longo dos primeiros 20 minutos não conseguiu sequer passar do meio-campo. Os ingleses abriram o marcador logo nos primeiros instantes, com Werner a ter apenas de encostar depois de um canto cobrado na esquerda (2′), e o encontro parecia destinado a tombar para um único lado do relvado. Contudo, a partir da meia-hora e graças a um adormecimento que o Chelsea autoinflingiu, o Zenit começou a conseguir chegar ao meio-campo adversário e sempre com algum espaço, procurando as costas da defesa inglesa e chegando perto da baliza de Kepa.

O guarda-redes espanhol começou por evitar o golo de Malcom com uma grande defesa (25′), Mason Mount ficou perto de travar a resposta russa mas Kerzhakov estava atento (34′) e o mais surpreendente — embora cada vez mais expectável, tendo em conta o desenvolvimento do jogo — acabou por acontecer. Claudinho começou por empatar a partida, com um cabeceamento depois de um cruzamento de Douglas Santos (38′), e Sardar Azmoun aproveitou a total passividade inglesa para ficar na cara de Kepa, fintar o guarda-redes e colocar o Zenit a ganhar ainda antes do intervalo (41′). No fim da primeira parte, com a Juventus a vencer o Malmö em Turim, o Chelsea estava no segundo lugar do grupo e eram os italianos a ocupar a liderança.

Na segunda parte, sem que Thomas Tuchel fizesse alterações de forma imediata, o Chelsea voltou a começar melhor mas de forma algo inconsequente, sem conseguir criar muitas oportunidades e a ter algumas dificuldades para chegar com perigo ao último terço do Zenit. O golo do empate apareceu já depois da hora de jogo, com Lukaku a finalizar sem grande oposição depois de uma grande combinação entre Ross Barkley e Werner (62′), e o treinador dos blues deu a ideia de querer ir atrás da vitória ao lançar Ziyech e Pulisic.

Ainda assim, os dois elementos tiveram pouco ou nenhum impacto no jogo e o Zenit voltou a dar uma enorme resposta depois do golo sofrido, encostando novamente o Chelsea às cordas e ocupando por completo o meio-campo adversário, surgindo com perigo junto à baliza de Kepa. A assistir a isso mesmo, e com o resultado totalmente em aberto, Tuchel tirou Saúl e lançou Marcos Alonso para tentar recuperar o controlo do meio-campo e os russos insistiram com Dzyuba, Erokhin e Ozdoyev.

Já nos últimos minutos, numa fase em que o encontro estava cada vez mais partido e o golo parecia poder cair para qualquer um dos lados, Timo Werner soltou-se na grande área com um bom pormenor e atirou rasteiro para aquilo que parecia ser a vitória dos ingleses (85′). Já nos descontos, contudo, o Zenit repôs alguma vantagem no marcador e voltou a agarrar o empate com um grande golo de Ozdoyev (90+4′), que atirou de fora de área para bater Kepa.

No final das contas e com a vitória da Juventus frente ao Malmö, o Chelsea ficou no segundo lugar do grupo — e os italianos são, por isso mesmo, um dos possíveis adversários do Sporting nos oitavos de final da Liga dos Campeões. Já o Zenit, que se debateu de forma realista com a “segunda linha” dos blues, vai continuar nas competições europeias mas através da Liga Europa.