Itália teve informações claras sobre o ataque de 1982 à sinagoga de Roma mas ignorou-as, ao ponto de segurança ao redor do local ter sido reduzida. Estas revelações foram avançadas pelos jornais italianos na última sexta-feira, suportadas em documentos que parecem confirmar que o país concordou em não interferir no ataque terrorista palestino contra judeus e israelitas, citadas pelo The Times of Israel.

De acordo com os documentos, os serviços secretos italianos (SISDE, na sigla italiana) enviaram vários alertas ao governo sobre as intenções do grupo de Abu Nidal em realizar um ataque durante as festividades judaicas. No topo da lista de possíveis alvos estava a sinagoga de Roma, já que a embaixada israelita estava bem protegida.

Uma fonte habitualmente de confiança relatou que palestinos residentes na Europa estão a ser obrigados a prepararem-se para realizar um conjunto de ataques contra alvos israelitas ou judeus europeus”, alertou.

Apesar dos avisos, a segurança no local de culto não foi reforçada no dia em que se esperava o ataque. Pelo contrário, o carro da polícia que habitualmente vigiava a sinagoga não lá estava, mencionam os documentos.

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Crê-se que o acordo com os palestinos foi assinado em 1973 pelo primeiro-ministro Aldo Moro com Yasser Arafat, presidente da Palestina, e com a Frente Popular pela Libertação da Palestina. Nele ficou estabelecido a não realização de ataques terroristas em território italiano em troca de apoio político à Palestina. Os primeiros documentos que evidenciavam o respetivo acordo foram descobertos durante as investigações sobre a morte de Moro.

A desconfiança relativa à postura de Itália em relação ao ataque perdura desde 2008, quando o ex-primeiro-ministro e antigo presidente Francesco Cossiga afirmou que o país “vendeu os seus judeus” para salvaguardar os interesses italianos, ao jornal israelense Yedioth Aharonoth.

Em troca da ‘livre circulação’ na Itália, os palestinos garantiram a segurança do nosso estado e [a imunidade] dos alvos italianos fora do país contra ataques terroristas. Desde que esses objetivos não colaborem com o sionismo e com o Estado de Israel”, mencionou Francesco Cossiga.

No feriado de Shemini Atzeret em 1982, homens armados não identificados atiraram granadas de mão e dispararam metralhadoras contra os fiéis que saíam da sinagoga, acabando por matar Stefano Tache, de 2 anos, e ferir outras 34 pessoas.