Rita Matias, Rui Paulo Sousa e Pedro Pessanha são os escolhidos por André Ventura como candidatos à Assembleia da República pelo círculo de Lisboa. São aqueles a que chamou “candidatos elegíveis” e sem especificar o lugar em que seguem.

O presidente do partido vai em primeiro lugar, como já aconteceu em 2019 — o que acabou por dar ao Chega um deputado único —, e estão também escolhidos aqueles que podem, tendo em conta as sondagens, estar presentes no Parlamento após as eleições antecipadas.

Já no Porto, depois de ser anunciado o cabeça de lista Rui Afonso, André Ventura revelou que Diogo Pacheco Amorim e Marta Trindade são os seguintes nas listas a deputados pelo círculo do Porto. E fez questão de explicar que o mais lógico seria Diogo Pacheco Amorim fosse o segundo em Lisboa, como aconteceu em 2019, mas que “a seu pedido” integra a lista do Porto.

André Ventura afirmou que “o Chega é a única opção de transformação” e aproveitou a apresentação de candidaturas para voltar a apelas aos “descontentes” e aos que “deixaram de acreditar nos partidos do sistema”, nomeadamente, realçou, “aos órfãos do PSD e do CDS”.

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André Ventura aposta em repetentes para cabeças de lista às legislativas

Durante a conferência de imprensa marcada para anunciar candidatos, André Ventura revelou ainda que Júlio Paixão, presidente da distrital de Portalegre, é o escolhido para ser cabeça de lista por aquele círculo eleitoral. Patrícia Carvalho, vogal da direção e Carlos Medeiros, conselheiro nacional, são os escolhidos para os lugares de Setúbal a seguir a Bruno Nunes. E Rodrigo Alves Taxas vai em segundo lugar por Braga, a seguir a Filipe Melo.

Em Coimbra, a escolha recai sobre Paulo Ralha, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos, e em Aveiro o cabeça de lista será Jorge Valsassina Gouveia, atual presidente da mesa do partido e substituto de Luís Graça.

Tal como o Observador já tinha avançado, a escolha de Vila Real é a ex-deputada do PSD Manuela Tender.

Mudança na escolha de André Ventura: ex-deputada do PSD é cabeça de lista por Vila Real

Quem são os “elegíveis”?

Rita Matias

É a maior estrela em ascensão no Chega, uma das vozes mais conhecidas dentro do partido e uma verdadeira aposta de André Ventura. Desde o Congresso de Évora em que a levou para a direção e desde que lhe deu a função de gerir a juventude do partido. Rita Matias é a primeira mulher elegível em Lisboa e, se as sondagens dos últimos meses se vierem a confirmar, será muito difícil não conseguiu um lugar na Assembleia da República ao lado de André Ventura.

A filha de Manuel Matias, presidente do Partido Pró-Vida, que foi absorvido pelo Chega, tem centrado o seu discurso, já por várias vezes e em vários eventos do partido, na defesa do valor da vida, na ideia de família tradicional e na condenação do aborto e da eutanásia. Esses são valores que André Ventura quer no partido e continuar a transmitir, principalmente quando conseguir construir um grupo parlamentar.

Rui Paulo Sousa

Rui Paulo Sousa é um dos homens fortes de André Ventura. Durante as presidenciais, foi diretor de campanha e mandatário nacional, cargo que volta agora a repetir, mas vai também ser candidato na lista de Lisboa e em lugar provavelmente elegível.

O empresário de Santarém, além de ser um assumido “antigo simpatizante” do CDS, foi cabeça de lista do Aliança por aquele distrito, antes de deixar o partido fundado por Santana, e agora continua a ser aposta de André Ventura, já depois de também ter sido escolhido para encabeçar a Comissão de Ética do partido, que tem o poder de julgar e punir todos os prevaricadores do partido.

Diogo Pacheco Amorim

O ideólogo do Chega foi sempre uma das opções mais óbvias entre os possíveis candidatos a deputado e André Ventura confirmou-o. Aliás, Diogo Pacheco Amorim foi o segundo da lista por Lisboa nas eleições legislativas de 2019. Porém agora o cenário é um pouco diferente: tendo em conta o crescimento do Chega nos últimos dois anos, o vogal da direção (que chegou a ser vice-presidente) está agora numa posição bastante mais confortável para conseguir chegar à Assembleia da República, caso as sondagens se confirmem no dia 30 de janeiro.

Apesar de André Ventura nunca ter abdicado daquele que o substituiu durante a campanha das Presidenciais e de o nome de Diogo Pacheco Amorim nunca ter sido colocado de parte na escolha dos possíveis deputados do Chega, a escolha de Rui Afonso como cabeça de lista para o Porto, anunciado por André Ventura, parecia dar o ex-CDS como certo em Lisboa.

Mas não, Diogo Pacheco Amorim, “a seu pedido”, segundo o presidente do Chega avançou, vai estar mesmo na lista do Porto. Esta região não é propriamente fácil para o partido e é uma das zonas em que o Chega tem tido menos votos, tanto nas Presidenciais como nas autárquicas. E talvez seja exatamente por essas contas que o presidente do Chega aposta numa das figuras mais conhecidas do partido (ainda que não para número um).

Marta Trindade

Em poucos meses, Marta Trindade passou de uma militante de base à vice-presidência do Chega. No Congresso de Coimbra, onde muitos nem a conheciam, foi convidada por André Ventura para integrar o mais importante órgão do partido e para fazer parte do núcleo duro do presidente do Chega. Agora, Marta Trindade está entre os candidatos a deputado, sendo que, alegadamente e tendo em conta as sondagens, segue num lugar elegível nas listas do círculo do Porto.

A vice de Ventura chegou a ser um dos nomes apontados a Setúbal, tendo em conta que foi no local onde vive que deu nas vistas no partido — e até porque este é um distrito em que o Chega acredita ter oportunidades para eleger. Contudo, a aposta para Setúbal recaiu sobre Bruno Nunes, um dos homens de confiança de Ventura. O coordenador autárquico é vereador em Loures, mas os percursos de ambos já se tinham cruzado antes disso. Aliás, Bruno Nunes foi deputado independente em Loures, indicado pelo Partido Popular Monárquico (PPM), no mesmo ano em que André Ventura conseguiu o lugar de deputado pelo PSD.

Com este lugar preenchido em Setúbal, Marta Trindade — um dos nomes dos quais o presidente não quis abdicar — será candidata pelo Porto.