O Centro Hospitalar do Entre Douro e Vouga (CHEDV), com sede no Hospital São Sebastião, em Santa Maria da Feira, anunciou esta quarta-feira que tem 4,5 milhões de euros para criar uma área de internamento específica para Psiquiatria.

Abrangendo duas outras unidades em São João da Madeira e Oliveira de Azeméis, esse centro hospitalar serve cerca de 350 mil utentes do norte do distrito de Aveiro e obteve as referidas verbas através do Plano de Recuperação e Resiliência.

A assinatura deste contrato é um dos momentos mais importantes da história do CHEDV“, disse à Lusa o presidente do conselho de administração desse centro hospitalar, Miguel Paiva.

O administrador dos três hospitais explica a sua perspetiva: “Em primeiro lugar, este é o maior investimento feito na instituição depois da construção do Hospital São Sebastião [em funcionamento na Feira desde 1999]. Em segundo, representa a continuação de uma estratégia de desenvolvimento da resposta que damos na área da saúde mental, em que nos temos diferenciado em todas as áreas de ambulatório e à qual faltava a valência de internamento”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Miguel Paiva realça que, com os 4,5 milhões de euros agora anunciados, o CHEDV vai “conseguir que o Serviço Nacional de Saúde [SNS] assuma, nesta região, a resposta plena numa área tão crítica como é a da saúde mental, permitindo que os doentes e as suas famílias tenham acesso a cuidados adequados às suas necessidades sem precisarem de se deslocar ao Porto” — que, para alguns utentes do território, chega a localizar-se a 80 quilómetros de distância.

A unidade de internamento psiquiátrico prevista para o CHEDV terá 30 camas, a distribuir pelas unidades hospitalares mais “próximas dos locais de residência dos doentes”, o que acabará com as “assimetrias regionais” e garantirá que o utente “recebe os cuidados de psiquiatria no hospital geral da sua área, evitando assim a separação entre cuidados físicos e psiquiátricos”.

Miguel Paiva refere que o objetivo é “eliminar os internamentos de doentes agudos em hospitais psiquiátricos em unidades distantes da sua área de residência”, o que reduzirá “para metade” as dormidas atuais no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, no Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa e no Hospital Magalhães Lemos do Porto.

O contrato que garante ao CHEDV os 4,5 milhões de euros em causa foi assinado a 22 de dezembro em Lisboa, em cerimónia conduzida pelo presidente da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), e constituiu um dos primeiros quatro acordos de execução firmados a nível nacional no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência a cargo do Ministério da Saúde.

“Através deste investimento, as medidas previstas no programa ‘Reforma de Saúde Mental’, do SNS, estarão concluídas até final de 2026”, adianta fonte do hospital da Feira.

Os 4,5 milhões de euros previstos para a unidade de internamento incluem cerca de 1,5 milhões para adquirir à Câmara Municipal de Santa Maria da Feira o terreno de 10.000 metros quadrados que essa já comprou junto ao Hospital da Feira em meados de 2020, com vista a garantir espaço adequado para o projeto de ampliação do CHEDV no domínio da Saúde Mental.

Como na altura explicou à Lusa o presidente da autarquia, Emídio Sousa, o envolvimento da Câmara visou assegurar que as burocracias do Estado e “os atrasos do Ministério das Finanças” não levassem o hospital a perder o imóvel mais adequado para o projeto.

“Como não queríamos perder a oportunidade de ficar com aquele terreno mesmo ao lado do hospital, a Câmara decidiu avançar por si própria com a compra e depois, quando o Governo tiver a sua parte tratada, vamos vender novamente a propriedade ao CHEDV, pelo mesmo preço a que a adquirimos”, garantiu então o autarca.