Uma das novelas dos últimos dias está finalmente encerrada: Paulo Sousa vai mesmo deixar a seleção da Polónia e é o novo treinador do Flamengo. O técnico português de 51 anos assinou por duas temporadas e o anúncio oficial dos brasileiros surgiu já depois de, ao longo da tarde, a Federação polaca ter confirmado a rescisão de contrato com o treinador.

“Alô, Brasil! Esta é uma mensagem para a maior torcida do mundo. Faço-a com o orgulho e a satisfação de representar um clube com a grandeza incomparável do Flamengo. É hora de trabalharmos muito para darmos alegrias, títulos e aproximarmos os mais de 40 milhões de torcedores em torno do time. Jogaremos juntos. Saudações rubro-negras!”, disse Paulo Sousa nas primeiras palavras enquanto treinador do Flamengo, num vídeo partilhado pelas redes sociais do clube.

De acordo com informações recolhidas pelo Observador, o técnico português encontrou-se com a comitiva do Flamengo há pouco mais de uma semana, levando bem mais a sério a proposta do que algumas pessoas mais próximos do treinador e que trabalharam com ele poderiam inicialmente considerar. Esta não era a única oferta que Paulo Sousa tinha em mãos do Brasil, depois de uma abordagem que recebeu também através do seu agente nos últimos dias do Internacional, de Porto Alegre. O Flamengo acabou por ser o escolhido.

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Inicialmente, e em condições normais, o treinador português iria fazer o playoff de acesso ao Campeonato do Mundo do Qatar, que se realiza em março, mas a perceção que foi tendo da forma como o seu trabalho era analisado (diferente da que sentia no balneário com os jogadores) e a mudança de estatuto da antiga glória Zbigniew Boniek na Federação levaram a que a saída fosse antecipada. Há alguns dias, ainda antes de qualquer anúncio oficial, o presidente do órgão que tutela o futebol polaco fez questão de marcar posição no Twitter sobre a saída.

“Hoje fui informado pelo Paulo Sousa que queria rescindir o contrato com a federação por causa de uma oferta de um clube. Trata-se de um comportamento extremamente irresponsável,  inconsistente com as declarações anteriores do treinador. Portanto, recusei firmemente”, escreveu Cezary Kulesza. “Sinto-me estranho. Fiz dele selecionador nacional. É inteligente e conhece o futebol. A tarefa dele era apurar-nos para o playoff, algo que conseguiu. Por outro lado, no Europeu estávamos à espera de passar o grupo… Tenho de dizer que estou incrivelmente enojado e um pouco desapontado. Ouvi falar nessa chamada ao presidente da Federação, a dizer que queria sair. Os jogadores também já devem ter ouvido falar nisto e estão provavelmente surpreendidos”, comentou também o antigo líder da Federação, Boniek.

Paulo Sousa, antigo internacional português de 51 anos, terá assim a sua oitava experiência num país diferente desde que deixou o comando dos Sub-16 de Portugal, em 2008: começou por Inglaterra com QPR, Swansea e Leicester, passou depois pela Hungria (Videoton, onde ganhou uma Taça da Liga e duas Supertaças), esteve uma época em Israel sagrando-se campeão pelo Maccabi Telavive, foi depois uma temporada para a Suíça onde foi campeão pelo Basileia e a partir de 2015 que orientou os italianos da Fiorentina, os chineses do Tianjin Quanjian, os franceses do Bordéus e, desde 2021, a seleção da Polónia.

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O processo avançou depois de os responsáveis do Flamengo terem esgotado o tempo para contratar aquela que foi sempre a opção número 1, Jorge Jesus. Até ao dia de Natal, Marco Braz e Bruno Spindel foram marcando encontros ou mantido conversas informais com alguns treinadores e representantes mas sem perder de vista o técnico do Benfica. Aliás, através do agente Bruno Macedo os brasileiros sabiam tudo o que seria necessário para resgatar de novo o mister para os rubronegros. Contudo, perceberam também que o Benfica, naquela altura, não iria dispensar o treinador, necessitando assim de avançar para um plano B — um plano B que, agora, não deixa de parecer uma solução de recurso para um plano A que entretanto ficou disponível mas já fora de tempo.