O Citroën C4 tem a capacidade de capturar fotos através da câmara frontal, montada no pára-brisas. Uma solução tão inocente quanto prática, destinada a capturar vistas deslumbrantes que aparecem durante as férias, um outro carro que nos abalroa ou um indivíduo que nos ameaça. Para promover este dispositivo no mercado egípcio, os franceses produziram um anúncio e foi aí que começaram os problemas.

A estrela local escolhida para animar o anúncio foi Amr Diab, cantor, compositor e actor de cinema com 59 anos. Nas imagens surge Diab a parar no trânsito, para deixar passar uma mulher que acelerou o coração do ídolo local, por quem as fãs do sexo feminino parecem rasgar as vestes durante os seus espectáculos. Daí que o egípcio tenha recorrido à câmara no pára-brisas para capturar uma foto da mulher que lhe arrebatou o coração e com quem aparece de seguida, como casal muito apaixonado.

À semelhança da maioria dos anúncios, também este pretende ser uma história curta para salientar uma determinada característica do veículo a promover. Em concreto, uma câmara capaz de tirar fotos e enviá-las para o smartphone, a fim de partilhá-las com amigos ou publicá-las nas redes sociais. Agora imagine-se a surpresa da Citroën ao ser acusada, por essas mesmas redes sociais, de “incentivo ao assédio sexual”.

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Afirma a polícia dos costumes, composta pelos utilizadores do Twitter, que “o assédio sexual e os abusos são um problema no Médio Oriente”, acusando a Citroën de ter achado “boa ideia facilitar o crime”.

A pressão dividiu-se entre a Citroën e o cantor Diab, com a diferença que a marca da Stellantis rapidamente se retratou e pediu desculpa, enquanto a popstar nem pestanejou, continuando a manter o anúncio que fez para a marca francesa na sua página do Twitter.

O assédio e os abusos sexuais são crimes, nem sempre tratados com o devido rigor em todos os países. Contudo, numa época em que não falta quem possua telemóveis capazes de fotografar e filmar, acusar uma simples câmara de bordo de um veículo de contribuir para o desrespeito dos direitos das mulheres parece algo exagerado. Especialmente no Médio Oriente, onde práticas substancialmente mais condenáveis, como o apedrejamento das mulheres acusadas de infidelidade, são vulgares, como é o caso da Arábia Saudita.