Primeira sexta-feira do ano, primeira manhã efetivamente trabalhada nos Emirados Árabes Unidos. Anunciada em dezembro, a chamada “semana nacional de trabalho” foi desenhada para alinhar a economia local com o resto do mundo. Diretamente do escritório de um banco no centro financeiro do Dubai, Ahmad Bilbisi até reconhece que faz sentido “para a indústria bancária”, já que, agora, estão “a trabalhar no mesmo dia de todos os outros”. Citado pela AFP, o bancário de 34 anos, que até aqui descansava à sexta e ao sábado, admite, no entanto, que a adaptação à semana tradicional ocidental “vai ser uma luta longa e difícil”.

Emirados Árabes Unidos adota semana de trabalho de quatro dias e meio

O desabafo tem, de resto, expressão no mais recente inquérito da consultora Mercer. Das 195 empresas do setor privado que foram auscultadas, apenas 23% reuniam condições para implementar a reforma que, pela primeira vez, vai instituir um período fixo de oração, no dia sagrado dos muçulmanos.

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Destinada essencialmente aos funcionários públicos, a medida está, de resto, a encontrar resistência nas empresas nacionais. Num dos sete emirados, Sharjah, a solução do Emir foi passar a conceder três e não dois dias de descanso, com folgas à sexta, sábado e domingo.

Nos restantes emirados, os serviços públicos — escolas incluídas — passam a funcionar das 7h30 às 15h30, de segunda a quinta. Sexta, das 7h30 às 12h, de forma a conciliar a jornada com o período de orações. Numa estreia absoluta, o momento que costuma depender da posição do sol, está marcado, agora, para as 13h15.

Apesar dos sinais de resistência, os Emirados Árabes Unidos são o primeiro país do mundo a introduzir uma semana de trabalho inferior a cinco dias, na medida em que os trabalhadores passam a ter a tarde livre e, consequentemente, dois dias e meio de descanso. “Este fim de semana prolongado faz parte dos esforços do Governo para melhorar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional (…) e também para aumentar o desempenho da competitividade económica do país”, já tinha justificado o executivo, de acordo com a agência de notícias do país.