O ministro das Finanças, João Leão, defendeu, esta terça-feira, que Portugal se deve manter “atento e vigilante” à inflação, perante subidas nas taxas que pressionam os preços, esperando “uma forte redução” no segundo semestre deste ano.

“A taxa de inflação está mais alta do que esperado, sabemos que tem componente significativa que é de natureza temporária, mas temos de nos manter atentos e vigilantes e acompanhar a sua evolução [porque] sabemos também que afeta a vida da população”, declarou o governante, falando à imprensa portuguesa em Bruxelas.

No final da reunião dos ministros das Finanças da União Europeia (UE), João Leão indicou que “Portugal tem das taxas de inflação mais baixas” do espaço comunitário, mas “deverá acompanhar o reflexo europeu”, com percentagens ainda elevadas no primeiro semestre de 2022 e mais reduzidas e estáveis no segundo.

“A análise que foi feita pelo BCE [Banco Central Europeu] e pelos ministros das Finanças é que a taxa de inflação vai desacelerar ao longo deste ano e, sobretudo, espera-se uma forte redução a partir do segundo semestre deste ano”, acrescentou o responsável.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Em termos concretos, o Governo antecipa agora que “a inflação fique, no próximo ano, acima do que estava previsto por todos”, acima de 1% em Portugal e além dos 2% ao nível europeu, precisou o governante.

Ainda assim, esta é “uma taxa de inflação mais elevada do que esperado, mas com uma forte componente temporária”, reforçou João Leão.

A posição portuguesa surgiu depois de, na segunda-feira, o presidente do Eurogrupo, Paschal Donohoe, ter afirmado esperar uma redução das “pressões inflacionistas” ao longo do ano na zona euro, perante subidas na inflação ‘puxadas’ pelos preços energéticos, prevendo uma melhoria à medida que as cadeias de abastecimento estabilizam.

O BCE tem vindo a considerar que a inflação deverá estabilizar nos 2% a médio prazo.

Ainda esta terça-feira, João Leão apontou que “o BCE não antecipa, no curto prazo, a necessidade de ter alterar as taxas de juro, e por isso mesmo também a política monetária a esse nível vai-se manter estável”.

“Sabemos que os mercados, ao nível do financiamento dos países e das empresas, estão a reagir e as taxas de juro estão aí a aumentar e esse é um desafio que vamos ter de enfrentar, pela primeira vez nos últimos anos, que é o aumento das taxas de juro para o futuro“, concluiu o ministro das Finanças.

O BCE tem como principal mandato a estabilidade dos preços, considerando-se que tal é importante para a estabilidade económica, social e até política, pelo que estabeleceu, em 2021, uma nova estratégia que contempla um objetivo simétrico de inflação de 2% a médio prazo, uma meta mais flexível que admite desvios temporários e moderados.

A inflação anual na zona euro atingiu, em novembro passado, 4,9%, sendo esta a taxa mais elevada desde o início da série, em 1997, segundo o Eurostat.

O BCE prevê que os preços aumentem em média 3,2% este ano e 1,8% em 2023 e 2024.

A contribuir para a inflação estão, de momento, os custos energéticos e os problemas nas cadeias de abastecimento globais.