O Brasil encerrou 2021 com uma média de 70,9% das famílias brasileiras a admitirem estar endividadas, maior número já registado, segundo um levantamento divulgado esta terça-feira pela Confederação Nacional do Comércio (CNC). O endividamento das famílias brasileiras no ano passado foi o maior medido pelo indicador, que começou a ser divulgado pelo sindicato patronal em 2010.

Os dados indicam que o grau de endividamento foi maior para as famílias de menor rendimento, já que esta percentagem, para as famílias que recebem até dez salários mínimos passou de 67,8% em 2020 para 72,1% em 2021.

Para as famílias com rendimento mensal superior a dez salários mínimos, a percentagem de endividamento também aumentou, de 60,2% em 2020 para 66% em 2021, mas o seu nível é menor.

Segundo o presidente CNC, José Roberto Tadros, os números mostram que os brasileiros tiveram de recorrer ao crédito para manter o consumo no ano passado.

Num ano em que a inflação ultrapassou os 10%, o desemprego manteve-se elevado em cerca de 13% da população ativa e os rendimentos dos trabalhadores caíram, o crédito tornou-se uma alternativa para os consumidores brasileiros apesar de as taxas de juro terem atingido os níveis mais elevados em dez anos.

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A campanha de imunização da população possibilitou o desmantelamento das medidas restritivas impostas durante a pandemia, o que se refletiu no aumento da circulação de pessoas nas zonas comerciais ao longo do ano e permitiu a retoma do consumo, disse Tadros.

Apesar do aumento da procura das famílias brasileiras por crédito e do aumento do custo do dinheiro, a percentagem de consumidores com dívidas vencidas caiu ligeiramente de 25,5% em 2020 para 25,2% em 2021.

“A percentagem de famílias que declararam não ter mais condições de pagar as suas contas e as suas dívidas em atraso e que, por isso, dizem que vão continuar em atraso, também caiu, de 11,1% em 2020 para 10,5% em 2021”, conforme o comunicado do CNC.

O consumo é o principal motor de crescimento da maior economia brasileira. A retoma do consumo permitiu à economia do país sul-americano crescer 4,5% em 2021, segundo as últimas projeções, depois de ter encolhido 3,9% em 2020, afetado pelas medidas restritivas impostas nos primeiros meses da pandemia e que mantiveram os negócios fechados e consumidores em quarentena.