A Igreja Ortodoxa Etíope celebrou esta quarta-feira o Timkat, também conhecido como a Epifania etíope, em que se celebra o Batismo de Jesus no Rio Jordão. A cor predomina, desde as túnicas de quem assiste às celebrações, as batinas dos párocos até às ruas de Addis Abeba preenchidas com verde, amarelo e vermelho (as cores da bandeira). Por baixo da (aparente) alegria das celebrações, está um país assolado pela guerra: os hospitais estão cheios de soldados feridos, enquanto as famílias choram a morte de quem partiu.

São as memórias que nos entristecem, mais ainda do que as mortes“, disse Arega Tekeba à Agence France-Presse, citado pela Arab News. O Timkat deste militar era especial graças ao pai, que colocava a família toda a cantar ao mesmo tempo que assava uma ovelha recém abatida. Era um miliciano do grupo étnico Amhara e foi morto a tiros no ano passado quando combatia contra os rebeldes de Tigray.

Por isso, Arega não passou o Timkat com a família, preferiu celebrar sozinho na cidade de Gondar, no norte no país. “Há pessoas que perderam mais familiares do que eu. Conheço uma casa onde morreram seis ou sete pessoas”, contou. Depois de tanto sangue derramado, só quer “paz para o país”.

Entre a tristeza, os festejos aconteceram: houve orações, profissões e muita água benta. Máscaras? Muito poucas.

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