A campanha de José Luís Carneiro, secretário-geral adjunto do PS e cabeça de lista por Braga, cruzou-se este sábado com a caravana centrista, à porta do mercado da cidade, que contou com a presença do histórico do CDS Manuel Monteiro.

O socialista aproximou-se do centrista, cumprimentou-o com um passou-bem e desejou bons resultados eleitorais aos CDS. “É importante ter um CDS forte porque é um dos partidos fundadores da democracia e da vida política constitucional portuguesa“, disse José Luís Carneiro a Manuel Monteiro. O ex-presidente do CDS interrompeu-o, em jeito de brincadeira, para dizer que aquela é a “notícia do dia”: “O PS a pedir votos no CDS”. José Luís Carneiro não o deixou sem resposta: “Claro que queremos uma maioria estável para quatro anos”, sublinhou.

“É muito importante reencontrarmos o Dr. Manuel Monteiro (…). Encontrá-lo com o candidato do CDS que está, pelo que sei, a fazer uma boa campanha, a representar os valores que o CDS não pode perder”, disse ainda, sobre o cabeça de lista por Braga que estava ao seu lado, José Paulo Areia de Carvalho. Na altura, Francisco Rodrigues dos Santos ainda não tinha chegado ao mercado. Mas à porta, além de uma comitiva socialista, estavam apoiantes do PSD e um autocarro da Iniciativa Liberal.

Manuel Monteiro: “Ideia de que o CDS tinha um líder impreparado e imaturo foi perfeitamente ultrapassada”

O ex-presidente do CDS, natural do distrito de Braga, que voltou a filiar-se no CDS em 2020 (depois de uma desfiliação em 2003), juntou-se este sábado à campanha de Francisco Rodrigues dos Santos. Manuel Monteiro rejeitou fazer parte das listas de deputados, mas em declarações ao Observador, diz que decidiu participar na ação de campanha para “desmistificar essa ideia que estão a tentar passar de que estas eleições são apenas para escolher o primeiro-ministro”. “Não é verdade. São para escolhermos candidatos a deputados que representem os distritos pelos quais são eleitos”, acrescentou.

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O CDS centra a campanha no norte do país

Manuel Monteiro frisa que o CDS tem um cabeça de lista por Braga (José Paulo Areia de Carvalho) “que é do distrito, que vive o Minho, que conhece os problemas do Minho”. “O meu apoio e a minha presença aqui é um apoio claro à candidatura de José Paulo Areia de Carvalho”, atirou.

Mas reconhece que estas eleições serão um “desafio” para o partido. “A política é um constante desafio e risco. Uma coisa é certa, temos de respeitar sempre a vontade dos eleitores, sabendo que depois de um dia vem outro dia, e que o CDS existe desde 1974, passou por várias dificuldades, várias vicissitudes, teve momentos dramáticos da sua vida. Este é um momento exigente, tenho perfeita consciência dessa exigência por todas as particularidades, mas há vida para o CDS além do dia 30“, acredita.

No mercado de Braga, Manuel Monteiro preferiu ficar mais recatado, longe das câmaras, na cauda da comitiva. Fê-lo por entender que “o protagonismo” deveria ser de Francisco Rodrigues dos Santos e não dele, “um ex-presidente do partido”. E considera que o líder do CDS tem feito um bom trabalho? Hesita alguns segundos, antes de responder. “Acho que tem feito o trabalho que é possível, atendendo a todas as circunstâncias por que ele tem passado”, indica, não sem deixar elogios ao atual líder.

“Ele foi a surpresa positiva para mim e para muitos portugueses nos debates, principalmente com António Costa e Rui Rio. E essa é uma questão para mim muito relevante. Ou seja, aquela ideia de que o CDS tinha um líder impreparado e imaturo isso foi perfeitamente ultrapassado quando os portugueses puderam ouvir da boca dele as ideias que tem para Portugal“, considera.

Rodrigues dos Santos desvaloriza ausência de Telmo Correia na campanha. “Sou um presidente do partido contente com as pessoa que tenho cá”

Apesar da presença do histórico centrista Manuel Monteiro, houve ausências que foram notadas: Nuno Melo, presidente da distrital — que está em isolamento profilático —  e Telmo Correia, que foi líder parlamentar e cabeça de lista por Braga nas últimas eleições.

Confrontado com a ausência de Telmo Correia, Francisco Rodrigues dos Santos desvalorizou. “Sou um homem satisfeito, um presidente do partido contente com as pessoa que tenho cá, e mais do que estar a falar nos ausentes quero falar nos presentes”, disse, enumerando nomes como Manuel Monteiro, Altino Bessa, que foi vice-presidente da Câmara de Braga e é atualmente vereador, ou Paulo Areia de Carvalho.

Perante a insistência dos jornalistas sobre a ausência de Telmo Correia, o atual presidente do CDS respondeu que esta é uma “oportunidade de falar para o futuro” e diz que é preciso “renovar” os protagonistas. “Ontem disse, no Porto, que o CDS defende a limitação dos mandatos de deputados semelhante à dos presidentes  de Câmara, no limite de três. É importante moralizarmos a vida pública” e “renovar e apresentar novos protagonistas”, argumentou.

Rodrigues dos Santos visitou mercado de Braga

“No caso em concreto de Telmo Correia, foi um deputado que serviu o nosso país através do CDS, de forma extraordinária, a quem todos estamos extremamente gratos. Tenho a certeza que deseja que o CDS tenha um ótimo resultado eleitoral. O que é importante é salientar que todo o CDS, gerações e gerações de militantes e dirigentes do nosso partido, estão unidos para que o CDS tenha um bom resultado eleitoral no dia 30 de janeiro”, defendeu.