A Vrije Universiteit (VU), em Amesterdão, – a quarta maior universidade dos Países Baixos— não vai aceitar mais financiamento chinês para o centro de estudos de direitos humanos. Vai mesmo devolver as quantias recebidas no ano passado — entre 250.000 euros e 300.000 euros, de acordo com uma investigação do canal público NOS. No trabalho da televisão é dito que parte desse dinheiro servia  para gerir o site, que fez várias publicações a negar as críticas do Ocidente sobre as violações de direitos humanos da China, refere o The Guardian.

Em outubro de 2020, por exemplo, quatro investigadores do Cross Cultural Human Rights Center  (CCHRC) visitaram quatro cidades na província de Xinjiang, os quais concluíram que “definitivamente não existia discriminação de uigures ou outras minorias na região”. A NOS mostrou ainda Tom Zwart, presidente do CCHRC, a dizer à TV estatal chinesa que os direitos humanos na China “devem ser vistos de acordo com as circunstâncias domésticas, e não podem copiar o Ocidente”.

Outro membro do centro, Peter Peverelli ,descreveu os relatos sobre os campos de trabalhos forçados para uigures como “rumores”, afirmando que está na moda criticar a China. “Xinjiang é simplesmente adorável”, mencionou, segundo a emissora pública holandesa: “Pessoas adoráveis, natureza de cortar a respiração, boa comida. E sem trabalho forçado, não há genocídio ou qualquer outra mentira que os meios de comunicação ocidentais possam inventar”.

Já em reação à investigação, Zwart disse à NOS que as publicações do site não refletem necessariamente as descobertas das investigações do CCHRC e que, apesar de alguns pontos de vista presentes no site estarem alinhados com as posições do governo chinês, tal não implica apoio formal.

O ministro da Educação holandês, Robbert Dijkgraaf, está “chocado” com as revelações, reforçando que “as instituições holandesas devem estar alertas para possíveis riscos de influência indesejada de outros países”.

Não é a primeira vez que a interferência da China nas instituições de ensino europeias vem à tona. Em novembro, a deputada alemã Anja Karliczek caraterizou a influência chinesa nas universidades como “inaceitável” ao saber-se que cerca de 200 institutos Confúcio financiados pelo Estado em instituições académicas na Europa estavam apenas a difundir propaganda do Partido Comunista Chinês.

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