As perícias sugerem que a causa da morte de Moïse Mugenyi Kabagambe, de 24 anos, foi um “traumatismo do tórax com contusão pulmonar, gerada por ação contundente”. Espancado até à morte num quiosque na Barra da Tijuca, na zona Oeste do Rio de Janeiro, o refugiado político da República Democrática do Congo, que ali trabalhava como ajudante de cozinha, limitava-se a cobrar os dois dias de salário que lhe eram devidos. Não saiu de lá vivo, num desfecho que, além do choque nacional, resultou em três detenções.

De acordo com a CNN Brasil, apenas um dos envolvidos confessou a autoria do espancamento que remonta ao dia 24 de janeiro. Ao todo, oito pessoas foram ouvidas na Delegacia de Homicídios. Num vídeo captado pelas câmaras de segurança do quiosque, é possível ver que, depois de abrir uma arca frigorífica, Moïse Kabagambe é atirado ao chão por um homem e agredido por outros dois. Nas mãos da Polícia Civil do Rio de Janeiro, a investigação vai continuar.

Divulgado pela Folha de São Paulo, o vídeo — que a CNN Brasil, por exemplo, se recusou a emitir, dada a violência extrema das imagens — mostra um quarto elemento a atingir repetidas vezes com um pau o jovem já desacordado. “Mesmo depois de morto, os caras continuaram batendo nele. Largaram o corpo perto do quiosque mesmo, amarraram as mãos dele, colocaram elas para trás. Moïse morreu, mas continuaram a torturá-lo”, acusa o tio do jovem que fugiu à guerra civil do Congo , ainda criança. Alertado por um amigo de Moïse, foi o tio da vítima que formalizou a queixa nas autoridades.

Entretanto, através da Embaixada, o Congo já veio pedir responsabilidades às autoridades brasileiras, denunciando um aumento da violência sem precedentes. Desde 2019, Moïse é o quinto congulês assassinado no país que, de há uma década para cá, tem sido refúgio para os que fogem da guerra. No mesmo sentido, a Agência da ONU para as Migrações do Brasil e a Cáritas aliaram-se ao grupo de instituições, personalidades e anónimos que pedem justiça por Moïse.

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro lamenta “profundamente o ocorrido e compartilha o pesar da família da vítima”, esperando que “o culpado ou os culpados sejam levados à Justiça no menor prazo possível”, expressando a “sua indignação com o brutal assassinato”.

Por sua vez, a perfeitura do Rio de Janeiro suspendeu o alvará do quiosque Tropicália, palco do crime.

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