Tiago Sousa Dias demitiu-se do cargo de secretário-geral do Chega por prezar a liberdade e por considerar ser o momento de “colocar de lado egos, títulos e honras” e dar espaço a quem esteja mais “enquadrados no espírito e na missão designada”. Apesar da saída da direção, irá manter-se como militante do partido.

O até agora dirigente do partido ficou de fora das opções de André Ventura para as listas das legislativas — tendo sido um dos poucos membros da direção que o líder do partido não colocou nos candidatos a deputados — e abandona o cargo depois das eleições.

“Prezo muito a minha liberdade e exercê-la-ei sempre”, escreveu o até agora dirigente do Chega no Facebook. E acrescentou: “Não abdico da liberdade de pensar por mim e de apenas me dedicar ao que verdadeiramente me motiva. Quando discordo, digo-o. Quando concordo também. Essa é a minha primeira e primária forma de ser leal”.

Tiago Sousa Dias referiu ser “previsível” na forma de estar nos projetos, por não ser de “surpresas nem [de] atos surpreendentes”, e justificou o timing da decisão, ao ter ficado “em silêncio até ao encerramento do processo eleitoral que termina na contagem dos votos da emigração”

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“Tentei, por todos os meios, perceber e enquadrar-me no caminho que o Chega tem pela frente, mas na ausência de respostas, não encontrei outra solução”, realçou o secretário-geral demissionário, deixando claro que a decisão se prende também pela ausência de respostas, mas que não existem “dramas, gravidades ou querelas pessoais”.

O antigo dirigente foi até mais longe: “Há simplesmente aquilo que entendo que deve acontecer em democracia. Discordância e a assunção da responsabilidade pessoal de ser consequente com ela.”

Tiago Sousa Dias sai orgulhoso do trabalho enquanto secretário-geral, por ter “limpo juridicamente o partido”. “Edifiquei uma nova estrutura jurídica que, com as virtudes e defeitos que possa ter, me parece mais sólida e para o final salvei o partido de um novo pântano que nos custaria o bom resultado que tivemos nestas eleições”, argumentou. De acordo com os estatutos do Chega, o cargo de secretário-geral poderá vir a ser eleito num Conselho Nacional.