O preço da eletricidade para as famílias subiu 2,5% em janeiro, quando comparado com dezembro, isto apesar do travão que foi colocado à atualização das tarifas reguladas por parte do regulador da energia e que foi suportado em medidas do Governo. Já o aumento da eletricidade face a janeiro de 2021 foi de 5,6%, refere o Instituto Nacional de Estatísticas no destaque em que explica a evolução do índice de preços ao consumidor no mês passado confirmando uma subida desta taxa para 3,3%.

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De acordo com INE, o aumento do preço da eletricidade deveu-se a uma subida de 3,6% dos tarifários oferecidos pelas elétricas no mercado liberalizado onde está a esmagadora maioria dos consumidores, mais de 80%. Este aumento superou assim o efeito da descida de 3,6%, face a dezembro, aplicada às tarifas dos clientes que estão no mercado regulado por parte da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) e que representam cerca de 15% do total.

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Não obstante esta diferença de comportamento nos preços do mercado regulado e liberalizado, o INE lembra que ao longo de 2020 as tarifas reguladas sofreram duas atualizações excecionais: uma em julho e outra em outubro e que resultaram em aumentos de preços de 3% e 2,9%, respetivamente. A variação média anual em 2021 da eletricidade para as famílias foi assim de 0,7%.

Algumas das principais comercializadoras mantiveram os preços durante o ano de 2020, tendo esperado pelo início do novo ano para realizar a sua atualização, como foi o caso da EDP Comercial.

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Numa simulação feita pelo INE, foi calculada a taxa de inflação em Portugal considerando a evolução dos preços de eletricidade em Espanha. Se a fórmula de cálculo fosse igual, a inflação homóloga em Portugal tinha atingido 5%, em dezembro, face aos 2,7% efetivamente registados.

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Ainda assim, a variação de preços sentida em Portugal está muito distante do salto sentido no país vizinho onde a eletricidade aumentou 35,6%. Esta diferença que também se verifica face a outros países europeus é aliás apontada como a explicação para o comportamento ascendente da inflação em Portugal ter sido inferior à média da União Europeia, e em particular, em Espanha, assinala.

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Para este comportamento distinto é determinante o modelo de funcionamento dos dois mercados. Apesar de dois países estarem exposto à evolução dos preços grossistas no MIBEL (mercado ibérico de eletricidade) que atingiu sucessivos recordes desde o verão passado, existe uma “maior reatividade dos preços em Espanha e uma maior estabilidade em Portugal. Esta disparidade resulta de forma diferente como os preços no consumidor são estruturados nos dois mercados retalhistas (cliente final)”, indica o INE.

Em Espanha os preços da eletricidade no consumidor final são geralmente indexados aos preços do MIBEL no momento em que a eletricidade é consumida, enquanto em Portugal os comercializadores do mercado liberalizado tendem a oferecer tarifários com preços relativamente estáveis, em geral atualizados em função, entre outros fatores, das decisões tarifárias da ERSE.

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Espanha também aprovou medidas para travar o impacto dos aumentos no preço da eletricidade, mas devido ao tal mercado mais reativo já não foi a tempo de evitar a escalada da fatura de energia para as famílias.