O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, garantiu esta quinta-feira em conferência de imprensa que a Rússia não está a pensar em começar uma guerra nuclear, apesar de o Kremlin ter feito questão de tornar público que as forças militares russas tinham iniciado recentemente exercícios com armamento nuclear. No entanto, Lavrov acrescentou:

Temos uma doutrina militar que descreve os perímetros e as condições para a aplicação ou implantação de armas nucleares”.

Lembrando que o Presidente dos EUA, Joe Biden, foi questionado sobre alternativas a sanções à Rússia e respondeu que a única alternativa seria uma Terceira Guerra Mundial, “e toda a gente tem a impressão de que só poderia ser uma guerra nuclear”, Lavrov vincou: “Gostaria de vincar que são estes políticos do Ocidente que, nas suas declarações, estão a repetir ‘guerra nuclear’. Isto não está na cabeça dos russos”.

O ministro dos Negócios Estrangeiros russos ameaçou ainda o Ocidente: “Se começarem uma verdadeira guerra contra nós terão de pensar nisso cuidadosamente”.

EUA são como Hitler e Napoelão, diz Lavrov: querem controlar Europa

O ministro russo comparou ainda esta quinta-feira os Estados Unidos da América a Adolf Hitler e a Napoleão. E acusou a Alemanha de ter-se limitado a seguir “as diretrizes” norte-americanas relativamente à suspensão do gasoduto Nordstream 2 e ao fornecimento de gás natural russo à Europa.

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Eles [EUA] estão a tentar impor-nos a sua própria visão sobre o que deve ser o futuro da Europa. O Napoleão e o Hitler tinham o objetivo de ter toda a Europa sob seu controlo — agora os americanos têm o controlo da Europa”, acusou.

Lavrov denunciou ainda o que considera ser uma reação de “histeria” internacional, na sequência da invasão da Rússia à Ucrânia. E descreveu a resistência ucraniana como “o regime neo-Nazi de Kiev”.

Lavrov fala de Zelensky, morte de civis e lembra “danos colaterais” no Iraque

O ministro russo dos Negócios Estrangeiros queixou-se ainda da suspensão na UE e EUA de meios de comunicação estatais russos: “Se olharem para isto cuidadosamente, a Europa e os EUA estão a tentar bloquear o acesso qualquer meio de comunicação russo que esteja a cobrir o que está realmente a acontecer na Ucrânia, como esta operação militar especial [invasão militar] se está a desenvolver e como o exército ucraniano se está a comportar com os seus civis, nomeadamente os batalhões nazis”.

Lavrov diz ainda que as baixas civis ucranianas existem porque Zelensky os tem usado “como escudos humanos”. E manifestou estranheza com o facto do Presidente ucraniano, um judeu, ser o líder de um regime político onde vê “neo-nazis a florescer”.

Já questionado sobre as mortes de civis ucranianos, Lavrov apontou: “Não estou a justificar quaisquer ações que levem à morte de civis, mas não fomos nós que inventámos a expressão ‘danos colaterais’ — foram os nossos parceiros do Ocidente nas suas aventuras no Iraque, na Líbia e por aí fora. Vocês cobriram da mesma forma e com o mesmo tipo de emoções a situação no Iraque e na Líbia, onde morreram centenas e milhares de civis? Não me recordo que isso tenha acontecido”.