Algumas poupanças, um par de jogadores a acelerar a recuperação das respetivas lesões, a décima vitória na Serie A numa série de 15 encontros sem perder. A Juventus até pode ter registado um dos piores arranques de temporada das últimas décadas mas, passo a passo, entrou na metade inicial da tabela classificativa, foi chegando aos lugares europeus e agora surge como mais do que uma mera candidata aos lugares de acesso à Champions – está na luta pelo título, a sete pontos do líder AC Milan e a quarto do segundo, o Nápoles. A par disso e das boas perspetivas de chegar à final da Taça de Itália após o triunfo com a Fiorentina na primeira mão das meias, surgia agora a possibilidade de chegar aos quartos da Liga dos Campeões, numa espécie de passo seguinte de uma metamorfose que começou sobretudo a partir de dezembro e que ganhou uma forma mais sólida no mercado de inverno com a chegada do “sucessor” de Ronaldo: Vlahovic.

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Apesar de ter baixado a média que trazia de Florença da primeira metade da época, o avançado sérvio que foi a contratação mais cara da última janela de mercado teve um impacto quase imediato no crescimento da equipa e selou a estreia na Liga dos Campeões com um golo em pouco mais de 30 segundos no empate que a Juventus conseguiu em Espanha frente ao Villarreal. Agora, depois de começar a receção à Sampdoria no banco de suplentes, o número 7 (até com a camisola de Ronaldo ficou) voltava à titularidade.

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“Se seguirmos em frente é um bom resultado, se por alguma razão não conseguirmos já atingimos aquele que seria o objetivo mínimo do clube”, tinha comentado Massimiliano Allegri antes da segunda mão em Turim, numa tentativa de esvaziar a pressão que se criou depois do empate a um no primeiro jogo. “Vai ser como uma final. Sem a regra dos golos fora, temos de jogar como se fosse a decisão e temos mesmo de jogar bem. Questão do avançado? É claro que quando tem um avançado centro a equipa está mais serena. O Vlahovic é um avançado excelente mas ainda é muito novo, tal como o Zakaria que chegou também em janeiro. Quando o Vlahovic chegou, chamei de imediato o Morata para lhe dizer que iria continuar no clube. Não precisei de mais nada, foram palavras cruciais”, explicou ainda o técnico transalpino dos bianconeri.

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Ainda assim, a tarefa era tudo menos fácil apesar do enganador sétimo lugar do Villarreal na Liga. Porque tinha um treinador, Unai Emery, capaz de conseguir aos maiores surpresas nas provas europeias. Porque no encontro decisivo na fase de grupos o conjunto espanhol foi bater de forma clara a Atalanta a Bérgamo. Porque além dos jogadores experientes da equipa como Aurier, Albiol, Dani Parejo ou o regressado Gerard Moreno e das mais valias que fazem diferença como Lo Celso ou Chukwueze existia também um “Vlahovic”, Danjuma. E foi o avançado que fechou um final de sonho para os espanhóis, que saíram de Turim com uma vitória por 3-0 construída nos últimos 15 minutos e depois de Unai Emery ter mexido na equipa.

Assumindo uma linha de três defesas com Cuadrado e De Sciglio, e apostando de início em Vlahovic ao lado de Morata, a Juventus não demorou a testar o guarda-redes Rulli e transformou de forma quase natural o argentino na principal figura da primeira parte com três grandes defesas a remates de Morata (10′, sozinho de cabeça na área) e Vlahovic (20′, num remate de meia distância e 35′, na sequência de um canto). E ainda houve uma bola com estrondo na trave, num desvio do inevitável Vlahovic ao primeiro poste depois de um cruzamento da esquerda de De Sciglio (21′). Apesar de ter reforçado o potencial nas transições com a entrada de Pino para a direita do ataque, o Villarreal sentia dificuldades em travar as ofensivas dos visitados e teve apenas um bom momento no ataque, com Lo Celso a rematar de fora da área perto do poste (22′).

O segundo tempo começou com as mesmas características, tendo Rabiot a testar de novo os reflexos de Rulli (58′) e Cuadrado a fazer passar a bola muito perto do poste num remate de meia distância (60′). Foi aí que voltou a aparecer o melhor Unai Emery: lançou Coquelin que sofreu uma grande penalidade de Rugani (76′), lançou Gerard Moreno que converteu o castigo máximo (78′) e lançou Samuel Chukwueze para manter sempre o foco nas transições fazendo com que a Juventus tivesse de manter sempre algumas cautelas em termos defensivos. Estava inaugurado o marcador, estava dado aquele que seria o primeiro tiro no porta-aviões bianconeri, que não mais recuperou desse abalo e sofreu ainda mais dois golos na sequência de um pontapé de canto por Pau Torres (85′) e de outro penálti desta vez convertido por Danjuma (90+2′).