O Partido Socialista vai ter que substituir 10% dos deputados eleitos nas eleições legislativas, por integrarem o próximo governo. 24 deputados eleitos a 30 de janeiro vão integrar o executivo e por isso não chegam a aquecer o lugar na Assembleia da República. Em sentido inverso, 15 governantes que agora cessam funções podem assumir o lugar de deputado, se assim o desejarem e um pode vir a ser o novo presidente da Assembleia da República.

Gerir as saídas dos deputados para o Governo é um dos primeiros desafios dos grupos parlamentares que vencem as eleições. O grupo parlamentar do Partido Socialista vai ter que trocar 24 parlamentares, a começar por António Costa, que tem João Nicolau, presidente do PS de Alenquer, como primeiro nome da lista de sucessão — e que desempenhou já as funções de deputado na legislatura que agora termina. Lisboa é, aliás, o circulo eleitoral em que o PS mais substituições vai ter que fazer — 7 ao todo.

Entre os cabeças de lista que não vão aquecer o lugar de deputados estão Pedro Nuno Santos (Aveiro), José Luís Carneiro (Braga), Ana Abrunhosa (Castelo Branco), Marta Temido (Coimbra), António Lacerda Sales (Leiria) e Ana Catarina Mendes ( Setúbal), para além de António Costa em Lisboa. Só o Ministério da Saúde rouba dois dos cabeças-de-lista do PS neste governo que vai tomar posse para mais quatro anos, mas também há ex-governantes que podem fazer o caminho inverso.

Um quarto do governo cessante pode voltar ao Parlamento e um pode ser presidente da Assembleia da República

Entre os nomes que foram eleitos deputados nas eleições legislativas, mas que não foram convidados para integrar o futuro governo estão 15 nomes — o que representa 25% do executivo –, com cinco ministros à cabeça. João Matos Fernandes (Ambiente), Tiago Brandão Rodrigues (Educação), Alexandra Leitão (Administração Publica e Modernização Administrativa), Graça Fonseca (Cultura) e Augusto Santos Silva (Negócios Estrangeiros) são os cinco ministros que podem assumir o lugar de deputados nos próximos quatro anos. A menos que renunciem, claro.

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Augusto Santos Silva vai deixar esta segunda-feira o Executivo para que possa tomar posse na terça-feira e ser eleito presidente da Assembleia da República, saindo do Governo que agora termina funções para poder vir a ocupar o posto de segunda figura do Estado.

Entre os restantes governantes que podem voltar ao Parlamento não é seguro que todos o façam, tendo em conta que podem também renunciar ao mandato e procurarem outros caminhos profissionais. Entre os cinco ministros que agora deixam funções só existe, até ao momento, um descontentamento público: o de Alexandra Leitão, que disse à agência Lusa ter recusado o convite para liderar o grupo parlamentar do PS por entender que tem “um perfil mais executivo e nesse perfil seria mais útil ao partido e ao país”. Alexandra Leitão foi cabeça-de-lista pelo distrito de Santarém e vê a número 2 — Maria do Céu Antunes — continuar com um assento no Conselho de Ministros ao manter a pasta da agricultura.

Entre os que despem o fato de governante e trocam pelo de deputado estão dois nomes que vão ganhar destaque na cúpula do partido nos próximos anos. Eurico Brilhante Dias, que deixa a pasta de Secretário de Estado da Internacionalização, vai ser o líder do grupo parlamentar do PS. Outro dos nomes é o de João Torres, que foi durante dois anos Secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor e que vai ser confirmado no dia 2 de abril o secretário-geral adjunto do PS, substituindo José Luís Carneiro e ganhando assim uma relevância diferente dentro da estrutura dos socialistas.

Entre os governantes que podem voltar ao Parlamento estão nomes que podem assumir lugares de destaque em pastas setoriais dentro do grupo parlamentar, tendo em conta a experiência no Governo que agora termina — ou alguns nos dois governos de António Costa, como é exemplo, o novo líder parlamentar, Eurico Brilhante Dias.