A Rússia negou, esta segunda-feira, “categoricamente” as acusações de “massacre” e “genocídio” relacionadas com descoberta de um grande número de cadáveres de civis em Bucha, nos arredores de Kiev, e anunciou uma “avaliação judicial da provocação” ucraniana.

“Rejeitamos categoricamente todas as acusações”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, a jornalistas, alegando que especialistas do Ministério da Defesa russo encontraram sinais de “adulteração de vídeo” e de “falsificações” nas imagens apresentadas pelas autoridades ucranianas como prova de um massacre de civis atribuído à Rússia.

O chefe da Comissão de Investigação da Rússia, Alexander Bastrykin, ordenou “uma avaliação judicial da provocação por parte da Ucrânia sobre o homicídio de civis em Bucha”, indicou segunda-feira num comunicado deste órgão responsável pelas principais investigações criminais no país.

“Para desacreditar os militares russos, o Ministério da Defesa ucraniano divulgou à comunicação social ocidental imagens filmadas em Bucha, na região de Kiev, como prova de um homicídio em massa de civis”, refere.

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No entanto, acrescenta, “de acordo com informações do Ministério da Defesa russo, todos os materiais divulgados pelo regime de Kiev sobre os crimes dos militares russos nesta localidade não correspondem à realidade e são de natureza provocatória“.

Segundo a mesma fonte, Bastrykin ordenou que fossem tomadas “medidas exaustivas” para identificar todos os envolvidos e determinar se devem ser processados por divulgar “informações falsas” sobre o exército russo, crime introduzido no código penal russo após a invasão da Ucrânia e passível de 15 anos de prisão.

Imagens nas televisões e jornais de dezenas de corpos em valas comuns ou espalhados pelas ruas dos arredores da capital ucraniana, no fim de semana, na sequência da retirada russa, estão a chocar os países ocidentais.

O número total de mortos ainda é incerto, mas, segundo a Procuradora-Geral da Ucrânia, Iryna Venediktova, os corpos de 410 civis foram encontrados nos territórios da região de Kiev recentemente recapturados às tropas russas.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou no domingo a Rússia de cometer “genocídio” na Ucrânia, depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, ter denunciado o que descreveu como “massacre deliberado”.

A União Europeia, Espanha, Polónia, Alemanha, Reino Unido, França, Japão, Canadá e Estados Unidos, entre outros, condenaram publicamente e defenderam novas sanções à Rússia.

Moscovo já tinha anunciado a intenção de investigar o que considera uma “provocação” destinada a “desacreditar” as forças russas na Ucrânia.