Marine Le Pen, a candidata que enfrentará Emmanuel Macron na segunda ronda das eleições presidenciais francesas, rejeitou um “Frexit”, isto é, a saída de França da União Europeia (UE). “Ninguém é contra a Europa”, garantiu, ainda que tenha ressalvado que quer “reformar” a organização. “Eu não quero que França deixe de pagar a sua contribuição [a Bruxelas], eu quero diminui-la”, salientou.

Numa conferência de imprensa em Paris citada pela France24, a candidata sublinhou que está apenas interessada “em defender os interesses” do país. Abordando o Brexit, Marine Le Pen ironizou com alguns líderes franceses que pensavam que a saída do Reino Unido da UE seria um “cataclismo”: “Os britânicos livraram-se da burocracia de Bruxelas, que eles nunca suportaram, e preferiram apostar num projeto global ambicioso”.

Garantindo que esse “não é o seu projeto” — preferindo “reformar a União Europeia desde o interior” —, Marine Le Pen disse que quer manter uma relação próxima e amigável com a Alemanha, se bem que tenha destacado que há várias diferenças entre si e Olaf Scholz, principalmente no que diz respeito à realização de exercícios militares. A líder do partido de extrema-direita Frente Nacional criticou também a política da ex-chanceler alemão Angela Merkel e do seu adversário, enfatizando que existia uma submissão e uma “cegueira” de Paris face a Berlim.

Ainda no plano internacional, Marine Le Pen quer reduzir a presença de França na NATO, ou seja, retirando as forças francesas do comando da organização militar. No entanto, caso for acionado o artigo 5.º — que prevê que um ataque a um país da aliança é encarado como um ataque a todos os Estados-membros —, Paris continuaria a enviar tropas. 

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“Eu não colocaria as nossas tropas nem sobre o comando integrado da NATO”, algo que é visto como Marine Le Pen como uma “submissão” aos Estados Unidos. Este estatuto na organização militar francês não seria, aliás, novo: desde 1966 até 2009, França também não esteve integrada no comando integral da organização, embora fosse um dos Estados-membros e estivesse comprometida com as obrigações do artigo 5.º.

Quando a guerra na Ucrânia terminar, Marine Le Pen considera que a NATO deve levar a cabo uma “reaproximação estratégica à Rússia”. “Isto é do interesse de França e da Europa, mas também penso que seja dos Estados Unidos”, afirmou, explicando que nenhum destes pretende que uma “relação próxima entre a China e a Rússia emerja”.

Emmanuel Macron acusa, por sua vez, Marine Le Pen de querer sair da União Europeia: “Ela quer abandonar, mas não tem coragem para o dizer”.