Salah Abdeslam, o único dos autores dos ataques terroristas de novembro de 2015 em Paris que sobreviveu e principal acusado no julgamento do massacre, pediu esta sexta-feira desculpas às vítimas e suas famílias.

“Apresento as minhas condolências e as minhas desculpas a todas as vítimas”, afirmou Abdeslam, entre lágrimas, no último dia de interrogatório no julgamento dos ataques, que fizeram 130 mortos.

“Sei que temos diferenças, sei que persiste um ódio entre vocês e eu. Sei que não vamos concordar, mas peço que me perdoem”, afirmou, acrescentando: “Por favor, odeiem-me com moderação”.

Abdeslam, que há dois dias afirmou ter sido encarregado de detonar um cinto de explosivos num bar no 18º distrito de Paris, mas que desistiu de fazê-lo “pela humanidade”, garantiu que sua atitude pode ter salvado “alguma vida”.

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“Eu não matei ninguém diretamente. Posso ter matado indiretamente”, reconheceu perante um procurador que o acusou de ter levado três atacantes suicidas, que descreveu como “bombas humanas”, ao Stade de France.

O acusado pediu para ser julgado pelas suas ações e não “pagar por todos, por aqueles que mataram no Stade de France, no Bataclan ou nas esplanadas”.

Abdeslam insistiu que foi incluído no grupo de atacantes dos atentados de 13 de novembro de 2015 no último momento e que sempre manifestou dúvidas, mas acabou por aceitar pressionado pelo irmão, Brahim, e por Abdelhamid Abaaoud, o mentor dos ataques, por quem disse que se sentiu “usado”.

“Se o meu irmão me tivesse dito que ia alugar carros e levar pessoas que iriam cometer ataques, eu não teria feito isso”, afirmou, referindo-se às primeiras ordens que recebeu meses antes do massacre.

Abdeslam considerou as mortes de civis inocentes “injustas”, mas comparou-as ao que as forças francesas fizeram na Síria durante nos ataques contra forças do grupo jihadista Estado Islâmico.

Apesar disso, ao contrário do que disse no início do julgamento, quando disse considerar-se um soldado do Estado Islâmico, afirmou não ser “um combatente experiente”, ao invés de outros membros do comando, que já tinham passado pela Síria.

“Não fui feito para matar. Não é humano. Mas quando inocentes são bombardeados, é desumano de ambos os lados”, concluiu.