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Entre o espectáculo e o controlo: a história de Magic Johnson tal e qual ele a quis contar

Este artigo tem mais de 2 anos

A Apple TV+ entra no campeonato dos documentários desportivos com “They Call Me Magic”, minissérie de 4 episódios sobre a carreira e a vida de Magic Johnson que satisfaz, mas não arrisca.

A narrativa mais popular com Earvin "Magic" Johnson como protagonista é o centro de de uma produção que não se desvia do rumo mais previsível
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A narrativa mais popular com Earvin "Magic" Johnson como protagonista é o centro de de uma produção que não se desvia do rumo mais previsível

A narrativa mais popular com Earvin "Magic" Johnson como protagonista é o centro de de uma produção que não se desvia do rumo mais previsível

Há cerca de dois anos, “The Last Dance” (Netflix) tentava resumir em dez episódios a carreira de Michael Jordan, numa narrativa inteligentemente fundada a partir da sua última época nos Chicago Bulls e com sucessivos recursos a flashbacks. O selo ESPN Films de “The Last Dance” garantia um padrão de qualidade – a série “30 for 30” é indiscutivelmente uma das melhores sobre desporto – e a coisa correspondeu às exigências do espectáculo, sendo um bom porto de abrigo durante o primeiro confinamento. Este ano, e ainda no campo da NBA, a atenção vira-se para Magic Johnson. Há pouco mais de um mês estreou-se na HBO Max “Winning Time: The Rise of the Lakers Dynasty”, sobre o domínio dos Los Angeles Lakers durante os anos 1980. Ponto de partida? A compra da equipa por Jerry Buss e a chegada de Magic Johnson. “They Call Me Magic”, minissérie documental de quatro episódios, chega esta sexta-feira, dia 22, à Apple TV+, com as luzes todas apontadas para Magic Johnson.

É um ótimo acontecimento e pode marcar um momento de viragem na Apple TV+. No catálogo desta plataforma há, até ao momento, uma presença mínima de desporto – “Ted Lasso”, ainda assim, é uma referência –, mas isso começa a mudar neste mês, com a chegada de “They Call Me Magic” e “The Long Game: Bigger Than Basketball” (a história de Makur Maker e a vontade de chegar à liga principal daquela modalidade nos EUA) a 22 de abril e, uma semana depois, “Make Or Break”, sobre a competição e a vida de alguns surfistas. O sorriso de Magic Johnson é, então, uma porta para a Apple TV+ entrar por este caminho.

[o trailer de “They Call Me Magic”, que se estreia na Apple TV+ esta sexta-feira, dia 22:]

Realizada por Rick Famuyiwa, “They Call Me Magic” será um bom complemento para quem está a acompanhar “Winning Time” (e vice-versa). O sorriso de Earvin “Magic” Johnson ainda hoje cria uma empatia imediata. A ligação instantânea explica o modo como as câmaras o adoram e, também, o charme mediático ao longo da carreira. Um sorriso que dá outro calor àqueles momentos de glória dos Lakers durante os 1980s. É fácil ligar toda a ideia de espectáculo e forma de jogar de uma equipa a uma pessoa. Tal como “The Last Dance”, “They Call Me Magic” não se quer distanciar muito dessa narrativa. O centro e a linha narrativa é toda Magic Johnson.

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Magic não é nome, é alcunha. Claro. No primeiro episódio do documentário é explicado com mais detalhe aquilo que é aflorado em “Winning Time”, a criação da alcunha Magic para um miúdo do Michigan, que jogava de uma forma como nunca se tinha visto, num corpo que parecia pouco ajustado para aquilo que fazia. Um daqueles fenómenos. O nascimento de Magic e o tempo dedicado à sua carreira pré-NBA enchem um episódio para edificar o mito, o miúdo que depois chega a Los Angeles e a rivalidade com Larry Bird: até como ponto de partida para explicar como eles mudariam a NBA nos próximos dez anos.

A explicação da alcunha também serve para criar uma distância entre Earvin e Magic Johnson. A pessoa e a estrela — não numa posição de um versus o outro, mas de mitigar os problemas desta minissérie de quatro horas quando aflora momentos mais pessoais da vida do jogador (seja o assunto HIV ou a sexualidade do seu filho). O primeiro interessa particularmente, sobretudo pelo impacto que teve no desporto e na sociedade norte-americana no início dos 1990s. Contudo, é um tema que morre na praia, um que o sorriso de Magic Johnson não quer dar qualquer seguimento.

A noção de espectáculo de “They Call Me Magic” é óbvia e bem concretizada, mas em nenhum momento a série consegue afastar-se da presença de Johnson e da sua figura dominante em querer controlar a narrativa e manter o assunto onde quer

Compreensivelmente, há demasiado showtime, magia e pouca vontade de insistir no que não interessa ao protagonista. É o seu sorriso que materializa a vontade de que, também nós, pensemos só no Magic jogador e, mais tarde – no último episódio –, nos seus feitos pós-NBA. Se, por um lado, se permite em “They Call Me Magic” um discurso mais livre e desafogado por parte de alguns dos entrevistados em volta dos momentos retratados, em comparação com “The Last Dance”, por outro, Magic Johnson perde contra Michael Jordan no à-vontade para se abrir com relativa (e provavelmente estudada) tranquilidade sobre a carreira e o brilho de uma época.

A noção de espectáculo, de o manter e alimentar, tira o próprio brilho a Magic Johnson quando fala sobre si próprio. O sorriso está lá, as imagens são entusiasmantes, contagiantes, e olhar para ele desde o início da carreira, ver o que fazia sem ninguém perceber o que se passava ou conseguir acompanhar, é deslumbrante. Tão deslumbrante que nem precisa de se apoiar numa ideia de construção de mito – que existe em “The Last Dance”, por exemplo –, porque o regresso às imagens – ou até o primeiro contacto com elas – trazem a vibração e a história de uma equipa especial. Contudo, “They Call Me Magic” em nenhum momento se consegue afastar da presença de Magic Johnson e da sua figura dominante em querer controlar a narrativa e manter o assunto onde quer.

A eficácia de “They Call Me Magic” em deixar Johnson no seu lugar contrasta com o desejo do espectador querer saber mais. Aprende-se, mas aprende-se dentro de limites muito restritos. Falta a surpresa, a imprevisibilidade e a astúcia que Magic Johnson demonstrou em campo. Ficou, apenas, a monumentalidade de uma estátua. Que tem o seu valor e lugar no entretenimento, mas quando há “The Last Dance” para comparar e uma série contemporânea sobres estes Lakers, há desejo de mais.

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