O secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, não descartou esta terça-feira que se possa desencadear uma III Guerra Mundial. “Há sempre essa possibilidade”, lamentou, garantindo que Washington e a comunidade internacional “farão tudo ao seu alcance” para evitar que esse cenário possa eventualmente consubstanciar-se.

Em conferência de imprensa, Lloyd Austin aproveitou para criticar “a retórica muito perigosa” e que “não ajuda ninguém” da Rússia sobre o uso de armas nucleares. “Numa guerra nuclear, todos os lados perdem”, salientou Lloyd Austin, que asseverou que os EUA nunca usarão este tipo de tática.

O governante norte-americano assumiu que um dos seus objetivos passa por enfraquecer militarmente a Rússia, para que Moscovo seja incapaz de “fazer bullying aos países vizinhos”. “Queremos que seja mais difícil à Rússia ameaçar os seus vizinhos e torná-los menos capazes de fazer isso”, esclareceu Lloyd Austin.

O secretário da Defesa norte-americano sinalizou que a Rússia já registou inúmeras baixas no conflito, tendo também perdido equipamento militar. “Eles estão, de facto, com uma capacidade militar mais fraca” do que no início do conflito da Ucrânia, realçou, assegurando que agora será mais difícil que a Rússia consiga aumentar as suas capacidades militares, devido “às sanções e às restrições comerciais” a que está sujeita.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Sobre a Transnístria, os Estados Unidos confirmaram que estão analisar as causas dos episódios “recentes” de violência que tiveram lugar na região separatista da Moldávia. “Ainda não estamos seguros do que é que se trata”, afirmou Lloyd Austin, que garantiu que os EUA estarão “focados” no assunto.

Declarando que as “próximas semanas serão cruciais” na guerra na Ucrânia, o secretário da Defesa norte-americano anunciou, na mesma conferência de imprensa, que, para assegurar a segurança do país, haverá reuniões mensais com um “grupo de contacto” (composto pelos EUA e por alguns dos aliados) para discutir o assunto.

Após ter visitado no domingo a capital ucraniana, Lloyd Austin disse ter a confirmação, por parte da Ucrânia, que o trabalho dos países do Ocidente “fez uma grande diferença” na defesa do país, revelando que a Alemanha vai enviar 15 sistemas aéreos para a Ucrânia.

“É um progresso importante”, saudou, realçando, no entanto, que o Ocidente “não tem tempo perder”. “Claramente as próximas semanas serão cruciais para a Ucrânia. Temos de nos movimentar à velocidade da guerra”, afirmou, acrescentando que os EUA estão “determinados a fazer mais para melhor coordenar” os esforços de todo o mundo.

Desejando um “regresso à mesa das negociações”, Lloyd Austin não fechou completamente a porta a uma eventual adesão da Ucrânia à NATO, sublinhando, contudo, que esta é uma “decisão soberana”. Contudo, o responsável alega que essa questão constitui, neste momento, “especulação” e que não ajuda a resolver o conflito, algo que cabe apenas a Putin.

Estas declarações surgem após, na segunda-feira, Sergei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros, ter alertado para o “perigo real” de um conflito à escala global.