Apesar das instruções dadas pela Direção-Geral da Saúde, que determinou a desativação dos circuitos separados e das áreas dedicadas aos doentes Covid-19 a partir do dia 23 de abril, o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, vai manter estas zonas. O Hospital de São João, no Porto, foi o primeiro a considerar a medida precipitada.

Em declarações à Rádio Observador, o diretor clínico do Santa Maria explica que, para já, esta área dedicada mantém-se nas urgências, embora haja alterações nas enfermarias. “Temos muitos doentes que são positivos para a infeção SARS-CoV-2, não têm doença Covid, mas estão internados nestas zonas Covid porque são positivos. Esta norma dá-nos a latitude para que estes doentes possam estar internados em espaços devidamente separados, mas nas enfermaria ditas não Covid — assistidos pelas equipas médicas e restantes profissionais de saúde das áreas especificas de patologia que eles têm e não da positividade para a SARS-CoV-2 com beneficio clínico”, explica Luís Pinheiro.

Santa Maria: “mudança vai ser gradual”

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Ainda assim, a estrutura das urgências permanece mais ou menos na mesma: “Há algumas coisas que vão começar já a mudar, outras que para já se vão manter”, continua Luís Pinheiro, garantido que nas urgências, tidas como “a porta de entrada do hospital”, continua a garantia de que os doentes do foro respiratório tenham “um circuito próprio, devidamente adaptado”. Fala ainda num processo gradual, mas flexível.

Já no Inverno as coisas podem mudar novamente, admite. “É natural que no Inverno precisemos de mais camas direcionadas para o internamento de doentes com patologia respiratória infecciosa aguda, incluindo os doentes com doença Covid”. Luís Pinheiro diz à Rádio Observador que considera a norma da DGS positiva, a qual permite mais flexibilidade na gestão dos recursos do hospital.

Também o Centro Hospitalar Universitário de São João, no Porto, vai manter essas áreas na urgência durante as próximas semanas, avançou o Jornal de Notícias. Já na última terça-feira, o mesmo jornal escrevia que a afluência no hospital de doentes Covid-19 ou com outras patologias respiratórias continuava elevada.

A decisão tomada a 26 de abril pela administração do hospital desafia a norma publicada pela DGS na sexta-feira anterior, que visa a cessação da “existência de unidades Covid-19 free e o conceito infraestrutural de Área Dedicada a Doentes com Infeção Respiratória Aguda (ADR)”.