Três pontos de diferença, cinco jornadas para disputar. As contas da Premier League estão longe de estar fechadas, são divididas por duas equipas que são consensualmente consideradas as melhores do mundo e começam a levantar algumas trocas de galhardetes. Mesmo entre Pep Guardiola e Jürgen Klopp, dois treinadores que gostam de pautar pelo respeito pelo outro.

Este domingo, na sequência da goleada imposta ao Newcastle, Guardiola aproveitou para dizer que, em Inglaterra, “toda a gente apoia o Liverpool” — numa tentativa de catapultar uma espécie de sentimento de nós contra o mundo dentro do plantel do Manchester City. Já esta segunda-feira, na antevisão da visita ao Aston Villa, Klopp respondeu ao catalão.

“Não faço ideia se todo o país nos apoia. Não é a sensação que tenho quando vamos jogar a outros lugares. Na realidade, é precisamente o contrário. Vivo em Liverpool e, sim, aqui muita gente quer que ganhemos o Campeonato, isso é verdade. Mas, mesmo aqui, provavelmente é só 50%, porque os restantes [adeptos do Everton] estão noutra luta. Não sei como é que estava o Guardiola depois de ser eliminado da Liga dos Campeões. Por si só já é difícil de aceitar… Ainda por cima chega à final e dizem logo coisas como: ‘Eles jogaram com o Villarreal e nós com o Real Madrid'”, atirou o técnico alemão.

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Ainda assim, e apesar do aparente otimismo de Jürgen Klopp, algo era certo: o Liverpool entrava para esta jornada com uma margem de erro absolutamente nula. Depois do empate com o Tottenham em Anfield, que deixou o Manchester City com mais três pontos na liderança da Premier League, os reds não podiam deixar pontos no Villa Park se ainda quisessem sonhar com o título. Mesmo assim, o treinador alemão geria a equipa e deixava Thiago, Henderson e Salah no banco, lançando Naby Keïta e Curtis Jones no meio-campo e Luis Díaz e Diogo Jota no ataque. Na esquerda da defesa, Tsimikas rendia o ausente Robertson; do outro lado, o ex-Liverpool Philippe Coutinho era titular no Aston Villa — horas depois de ter sido anunciado que os villains decidiram acionar a opção de compra do brasileiro na sequência do empréstimo do Barcelona.

O jogo arrancou praticamente com dois golos: Douglas Luiz abriu o marcador nos instantes iniciais (3′), ao cabecear para uma defesa incompleta de Alisson e aproveitar a recarga para marcar, e Matip respondeu logo depois (6′) com um desvio após uma enorme confusão na grande área do Aston Villa na sequência de um livre. Até ao intervalo, Klopp ainda foi forçado a trocar Fabinho por Henderson, devido a uma lesão muscular do brasileiro, e o Liverpool ia tendo muitas dificuldades para travar a organização do adversário e até para criar perigo junto da baliza de Emiliano Martínez.

O Liverpool voltou melhor para a segunda parte, conquistando praticamente toda a posse de bola e encostando o Aston Villa para o próprio meio-campo, e Steven Gerrard reagiu à passagem da hora de jogo ao trocar Nakamba por Chukwuemeka. Klopp respondeu, lançando Thiago para o lugar de Curtis Jones, e os reds acabaram por conseguir chegar à vantagem num lance sublime de futebol ofensivo. Thiago ganhou a bola no meio-campo, Jota abriu na esquerda em Díaz, o colombiano cruzou para a área e Mané, sem tirar os pés do chão, desviou de cabeça para o fundo da baliza (65′).

Gerrard tirou Coutinho e Watkins para colocar Buendía e Traoré, Klopp ainda tirou Díaz para colocar Salah mas já nada se alterou: o Liverpool confirmou a reviravolta, venceu o Aston Villa em Villa Park e igualou o Manchester City à condição na liderança da Premier League, já que os citizens só visitam o Wolverhampton esta quarta-feira. No fundo, bastou um voo de pés no chão de Mané para manter a liga inglesa e a luta pelo título completamente ao rubro.