Em 2016, depois de se divorciar de Johnny Depp, Amber Heard prometeu doar 3,5 milhões de dólares — cerca de 3,4 milhões de euros — à Associação dos Direitos Civis Americanos (ACLU). Os outros 3,5 milhões de dólares, de um total de sete milhões a que Heard tinha direito no acordo de divórcio, seriam doados ao Hospital Pediátrico de Los Angeles.

Agora, no julgamento a decorrer na Virgínia, no caso Depp vs Heard, os advogados do ator procuram mostrar que Amber Heard não só não realizou todas as doações a que se propôs, como mentiu em tribunal num caso separado que envolveu o ex-casal, em 2020 — na altura, a atriz terá afirmado ter já doado os  sete milhões. Elon Musk, que namorou com a atriz depois da separação com Depp — a relação terminou em 2018 –, poderá ter assegurado parte dessa doação em nome de Amber Heard. O objetivo da defesa de Deep é descredibilizar a atriz.

Em junho de 2020, a Rolling Stone avançou que a equipa de advogados de Johnny Depp enviou um requerimento à ACLU para analisar os registos relacionados com os 3,5 milhões supostamente doados à empresa. Depois de recusar por várias vezes entregar os registos, a associação foi obrigada, pelo tribunal de Nova Iorque, a apresentar uma série de documentos à defesa do ator. Os mesmos mostravam que a atriz tinha doado apenas 350 mil dólares — cerca de  335 mil euros — em 2017 – e esta, segundo a revista, foi mesmo a única doação realizada até agora pela atriz diretamente.

Em relação ao papel de Musk nas doações à associação, a mesma revista deu conta de um email trocado entre o diretor executivo da ACLU, Anthony Romero, e Amber Heard, onde o diretor terá afirmado: “Tive uma grande reunião com Elon. Adoro aquele tipo e adoro-a também.”

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Terá sido esta associação que abordou Heard em 2018, propondo-lhe escrever um artigo de opinião sobre violência de género, e tendo sugerido que a atriz “poderia intercalar a sua história pessoal, dizendo o quão doloroso foi, enquanto sobrevivente de violência de género”. Este pedido terá sido feito por um administrador da ACLU num email lido em tribunal. A associação procuraria assim ganhar relevo à “boleia” da fama da atriz.

Em tribunal no atual julgamento, o advogado de Johnny Depp, Ben Chew, defendeu que a ACLU tinha procurado ativamente esconder a falta das doações de 3,5 milhões de dólares prometidas por Amber Heard.

Para apresentar esse argumento, o causídico baseou-se em depoimentos de dirigentes da associação feitos para o caso que está a ser julgado. De acordo com a Vulture, em dezembro do ano passado, já a respeito da recolha de testemunhos referentes ao caso Depp vs Heard, o diretor da ACLU, Terence Dougherty, afirmou que os 3,5 milhões de dólares iriam ser doados num período de 10 anos. No dia 28 de abril, contudo, o mesmo dirigente revelou que, até esse momento, 1,3 milhões de dólares tinham sido já doados — o equivalente a cerca de 1,2 milhões de euros.

Segundo contou a Buzzfeed News, este valor corresponderia aos iniciais 350 mil dólares doados por Heard após a separação, a 100 mil doados diretamente por Johnny Depp, e a outras duas transferências de 500 mil e 350 mil dólares doados em nome da atriz. Ainda assim, o valor mais elevado (e suspeita-se que os outros 350 mil também) está relacionado com um fundo ligado a Elon Musk. “Penso que Elon fez uma doação em meu nome num dos anos”, admitiu esta segunda-feira Amber Heard, que conheceu o bilionário em 2016, numa Met Gala, em Nova Iorque.

A Associação dos Direitos Civis Americanos revelou que o dono da Tesla já doou um total de seis milhões de dólares, cerca de 5,8 milhões de euros, à ACLU — num período de tempo não especificado.