O executivo camarário de Grenoble, uma cidade no leste de França, permitiu o uso de burquinis — uma peça de corpo inteiro que tem um véu integrado —  em piscinas. Uma decisão que está longe de ter recolhido unanimidade: um total de 29 vereadores votaram a favor, 27 contra e houve duas abstenções.

O uso de burquinis (também conhecidos como fatos de banho islâmicos) é proibido nas piscinas e praias de França. O governo francês opõe-se ao uso desta indumentária, argumentando que vai contra o secularismo vigente na sociedade francesa e contra a “neutralidade do espaço público”. Daí que não seja de estranhar que o ministro do Interior, Gérard Darmanin, já tenha reagido e prometido levar o assunto à Justiça para tentar bloquear a medida.

A porta-voz de Emmanuel Macron, Prisca Thevenot, sinalizou, esta segunda-feira, que esta medida pode “prejudicar” os “valores republicanos” de França. Citada pelo Guardian, a responsável frisou que significaria “quebrar as regras para responder aos desejos políticos baseados na religião”. 

Para o autarca de Grenoble (do partido Verdes), Eric Piolle, este é um “não assunto”. Defendendo que não deve haver “proibições aberrantes de roupas”, o responsável camarário também é favor de que não deve existir quaisquer “imposição aos corpos femininos”. “Tudo o queremos é que as mulheres e os homens sejam capazes de vestir como queiram”, afirmou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A medida, que entra em vigor a 1 de junho, não se aplica apenas ao uso de burquinis. Na localidade, os homens e as mulheres também poderão nadar em piscinas sem qualquer roupa.

No entanto, esta medida pode sair caro à cidade de Grenoble. O governador conservador da região de Auvergne-Rhône-Alpes (da qual faz parte Grenoble), Laurent Wauquiez, recorreu à sua conta pessoal do Twitter para ameaçar a autarquia com o “corte de todos os subsídios”: “Ao autorizar a utilização de burquinis nas piscinas municipais, Eric Piolle opõe-se ao secularismo e aos valores da República”.

Confrontado com toda a polémica, Eric Piolle ironizou: “Mal posso esperar para que o governo nos explique o motivo pelo qual devemos esconder todos os sinais religiosos numa piscina”. Contudo, mostrou-se convencido que a medida acabará por ser implementada.