“Já não consigo fazer este trabalho.” Foi assim que a conhecida pivô, apresentadora e jornalista russa Zhanna Agalakova, que trabalhava para o canal detido pelo Kremlin, apresentou a demissão aos seus chefes dias depois de a guerra na Ucrânia ter começado. Acusando a estação televisiva de “zombificar” a população, a profissional da área da comunicação opunha-se à falta de liberdade de imprensa existente na Rússia.

Esta sexta-feira, numa entrevista à BBC, a jornalista voltou a repetir as acusações e deixou um apelo aos cidadãos russos: “Desliguem a televisão”. “É uma máquina de lavagem cerebral”, afirmou, aconselhando a população a “procurar outras fontes de informação”. “Vão à internet e abram o coração.”

Mantendo a sua oposição ao conflito militar, Zhanna Agalakova descreveu a guerra como sendo “malvada” e um sinónimo para “morte”. “É como se houvesse dois mundos, dois planetas”, apontou, confessando que continua ainda assim a assistir às notícias russas.

Os programas do canal estatal pintam dois “planetas diferentes”. Num deles há “ruínas, um desastre total e tragédia”, assinalou a jornalista, que referiu que, no outro “planeta”, as forças russas são “recebidas com flores pela população local” e é “só vitórias”: “É algo positivo e maravilhoso”.  

“Esses dois mundos não se juntam e surpreende-me como é que eles o conseguem fazer”, sinalizou Zhanna Agalakova, que caracterizou como “incrível” a forma como os meios de comunicação russos conseguem “fazer uma lavagem cerebral à população”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR