Ainda teve esperança no início do Q1, ainda voltou aos lugares cimeiros para Q2 no final da última volta lançada. Ao contrário do que aconteceu nas últimas provas, em que o único desafio na qualificação passava por conseguir um lugar o mais à frente possível, Miguel Oliveira esteve realmente na luta pela passagem aos 12 melhores nas quatro linhas iniciais da grelha, acabando por cair para o 15.º lugar nos derradeiros segundos da sessão. E se num passado recente o objetivo teria de ser uma corrida regular para tentar entrar nos pontos e fazer o melhor possível, o português mostrou em Mugello que tinha argumentos para mais.

O contexto estava bom mas melhorou (neste caso, piorou) demasiado cedo: Miguel Oliveira não passa Q1 e sai do 15.º lugar em Itália

“Tentámos o nosso melhor na qualificação para compreender as condições o mais rapidamente que conseguiríamos mas ainda não fomos suficientemente rápidos para mudar para pneus slicks. Era difícil julgar a aderência e se se ia chover novamente. Foi uma sessão complicada e eu só precisava de uma volta extra, porque o potencial para o Q2 estava lá”, explicou no final da sessão o piloto à sua assessoria de imprensa, confirmando que se sentia melhor com a moto apesar da distância ainda grande para os da frente e garantindo mais uma vez que era o piloto mais rápido entre a KTM, incluindo a Tech3.

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Até pelos resultados inesperados que saíram depois da Q2, com o trio Fabio Di Giannantonio, Marco Bezzechi e Luca Marini nas três posições da primeira linha da grelha de partida, o Grande Prémio de Itália tinha todas as condições para ser mais uma prova muito aberta, com os primeiros na classificação atual do Mundial a tentarem chegar à frente, os mais novos na luta para se segurarem e outros candidatos a ganhar posições um pouco mais atrás. Uma prova que, se tivesse depois as incidências de Le Mans a nível de desistências, abria espaço para boas subidas de lugares. E era nesse patamar que Miguel Oliveira partia, sabendo também que o tempo não pára e que terá de tomar uma decisão sobre o futuro muito em breve.

Com apenas dois top 10 nas sete provas iniciais, com a vitória na Indonésia e o quinto lugar no Algarve, entrar nos dez primeiros poderia ser um aliciante para o português, que sabia da importância de uma boa saída e de uma consistência assinalável nas voltas iniciais para poder visar esse objetivo. E, não sendo uma corrida em tudo perfeita pelo final em quebra e com a moto sem as respostas necessárias, conseguiu o terceiro melhor resultado do ano, voltando a uma posição de top 10 na sétima corrida de 2022.

A improvável ordem na primeira linha da grelha de partida mudou no arranque, com Luca Marini a sair para a frente antes de Marco Bezzecchi conseguir saltar para a primeira posição na segunda volta enquanto Fabio Di Giannantonio ficou em terceiro mas foi depois ultrapassado por Fabio Quartararo também antes do final da segunda volta (com o campeão a fazer a volta mais rápida depois de um arranque forte). Um pouco mais atrás, as KTM estavam em destaque: Miguel Oliveira foi buscar a linha interior para saltar para o 12.º lugar, Brad Binder tentou a mesma estratégia e foi ainda mais longe, saltando para o nono lugar. O sul-africano ainda chegou a sétimo antes de estabilizar em oitavo, ao passo que o português foi para 11.º após superar a Honda de Nakagami. Enea Bastianini ficava apenas a 0.3 de um top 3.

A 20 voltas do final, Quartararo continuava a forçar o andamento e subia ao segundo posto por troca com Luca Marini, tentando ganhar em Itália depois de um italiano (Bastianini) ter ganho em França, mas a corrida parecia ter estabilizado, com poucos erros (um dos poucos que houve foi de Marc Márquez, que colocou por instantes Oliveira em décimo antes de descer ao 11.º) e apenas uma saída de pista de Pol Espargaró. As Hondas estavam mesmo fora da corrida e o português conseguiu mesmo entrar para ficar no top 10, tendo agora à sua frente o companheiro Brad Binder como acontecera na corrida em Le Mans. Lá na frente, a recuperação de Pecco Bagnaia colocava o piloto da Ducati na primeira posição.

Fabio Di Giannantonio continuava a afundar-se na classificação depois de ter conseguido a pole position e numa volta foi ultrapassado por Binder e Miguel Oliveira, que ficava a 0.8 do sul-africano na luta por mais uma subida neste caso ao oitavo lugar. A tendência foi de aumento da distância mas o português estava só a cinco/seis segundos da liderança de Bagnaia sabendo também que lá na frente as lutas entre Quartararo, Bezzechi e Marini pelo pódio e de Aleix Espargaró, Enea Bastianini e Zarco pela quinta posição estavam ao rubro e podiam provocar também erros, como aconteceu com Bastianini que caiu na curva 4.

Miguel Oliveira ainda conseguiu rodar em oitavo mas foi perdendo ritmo na parte final, deixando Brad Binder descolar para ficar mais tranquilo na sétima posição e sendo ultrapassado por Nakagami e ficando na nona posição. Lá na frente, Pecco Bagnaia continuava mais rápido do que Quartararo e Aleix Espargaró conseguia pela primeira vez na corrida assumir posição de pódio. E os três primeiros estavam mesmo definidos, numa reedição da luta pelo título em 2021 agora com o italiano ainda longe do francês, com Miguel Oliveira a ser depois “apertado” por Marc Márquez mas não só a resistir à pressão como a colocar pressão das duas últimas voltas sobre Nakagami, que perdeu mais de um segundo mas segurou o oitavo.

Com estes resultados, a segunda vitória de Pecco Bagnaia neste Mundial valeu uma subida ao terceiro posto do Mundial com 106 pontos, a 16 do líder Fabio Quartararo e a oito de Aleix Espargaró. Miguel Oliveira manteve o 11.º lugar agora com 50 pontos, a dez do top 10 que fecha nesta altura com Marc Márquez que vai ser operado de novo e falhar as próximas corridas (possivelmente até mesmo ao final do ano).