Prometia muito de manhã, a queda foi abrupta à tarde. O Grande Prémio da Catalunha não é propriamente desconhecido para Miguel Oliveira, que conseguira ali em Montmeló um pódio no Moto3, dois pódios no Moto2 e uma vitória no MotoGP na última temporada, e as indicações iniciais eram muito positivas, com um oitavo registo na primeira sessão de treinos livres que o colocava muito acima de Brad Binder (15.º com mais 0.2 décimas) e que abrir a possibilidade de uma luta por lugares na Q2 à condição ao início da tarde. No entanto, o que aconteceu teve pouco ou nada a ver: acabou com o 19.º tempo, baixou apenas 0.1 em relação ao que fizera e viu o sul-africano acabar em sexto com menos 0.8. Foi uma sessão falhada.

Miguel Oliveira em 19.º após treinos livres do GP da Catalunha

“À tarde não aconteceu nada, esse é o problema. Com qualquer tipo de pneu na traseira da mota, não funcionou nada. A mota é bastante idêntica em termos de setting à do ano passado, com o pneu médio ou o pneu macio, não tive nenhum grip extra, como estava à espera. Esta manhã, na primeira saída, sem referência nenhuma, fiz 40.9. No final do dia, com pneu macio atrás, faço 40.8. É estranho, não entendo o porquê, mas a equipa agora tem de trabalhar melhor, trabalhar duro, para me dar uma boa mota para amanhã. Se conseguirmos fazer o tempo que fizemos no ano passado no FP3, temos condições para estarmos diretamente na Q2. Mas, para já, estamos bastante longe disso e não sei como irá ser amanhã [sábado], mas espero que seja melhor do que foi hoje”, comentou o português à SportTV.

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“Tinha já as minhas ideias bastante decididas em Mugello e estive todo o fim de semana nessa situação. Se isso afetar o trabalho, é porque não somos profissionais o suficiente para saber que esta época temos de dar o melhor que podemos e atingir os melhores resultados possíveis com aquilo que temos”, acrescentou ainda, a propósito de um futuro que começa a ficar definido nos bastidores. “Está tudo bem encaminhado, agora é uma questão de tempo para poder dizer mais qualquer coisa. Em relação ao processo com a KTM, obviamente que nada é irreversível mas não me parece que haja mais a acrescentar sobre isso, tanto da minha parte, como da parte deles”, referiu o piloto a propósito do divórcio anunciado com a marca.

O adeus anunciado de Miguel Oliveira à KTM (ainda sem alternativa): “O meu futuro vai ser brilhante. Mereço muito mais”

Além da frustração pelo resultado quase sem melhorias no rendimento da moto da manhã para a tarde, Oliveira queria começar a definir já uma linha entre a atual época e a próxima temporada. Ou seja, partindo do pressuposto que a KTM terá assinado com Jack Miller para a equipa de fábrica, o português considerava que merecia mais do que um regresso à Tech3 (falando-se até na remota possibilidade de tentar juntar o piloto de Almada a Pol Espargaró, agora na Honda) e assumiu quase um fecho de ciclo, tendo como principais hipóteses a LCR (equipa satélite da Honda), a Yamaha VR46 Master Camp Team (caso subisse do Moto2 depois do acordo da RNF com a Aprilia) e a Gresini Ducati (que deve estar em vias de perder Enea Bastianini para a Ducati). No entanto, queria continuar a trabalhar como se nada fosse acontecer.

Esse era o grande desafio para a manhã deste sábado, sendo que as comparações com Binder explicadas em cima eram importantes não numa ótica de “rivalidade” entre ambos mas sobretudo para ter referências de onde estava a KTM, que no ano passado fizera os melhores resultados combinados entre os dois pilotos em Mugello (2.º/5.º), Montmeló (1.º/8.º) e Alemanha (2.º/4.º). Estava atrás. Muito atrás. E nunca ao longo da terceira sessão de treinos livre houve a remota hipótese de qualificação para a Q2, com Miguel Oliveira a chegar mesmo a rodar em 22.º até acabar com o 18.º tempo (1.39,856), dois lugares atrás de Brad Binder (1.39,609). O corte no top 10 foi feito no tempo de 1.39,413. As melhorias ainda não chegavam.

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A Q1 chegava sem Álex Márquez, que sofreu uma queda mais aparatosa e teve de passar pelo posto médico, e com Miguel Oliveira ainda com uma remota esperança de poder aproximar-se dos lugares cimeiros para, mesmo que não avançasse para a Q2, sair pelo menos numa quinta linha da grelha de partida. E ainda esteve nos lugares de passagem com Brad Binder a 1.30 minutos do final da sessão, antes de caírem por troca com Maverick Viñales e Marco Bezzecchi. O sul-africano falhou a última volta lançada depois de mais um erro (antes tinha caído duas vezes), o português não melhorou e foi Nakagami a juntar-se a Viñales na passagem à Q2, deixando Miguel Oliveira com o sexto tempo a sair da 16.ª posição.

No Q2, a luta foi bem mais animada colocando como principais protagonistas três dos quatro primeiros classificados do Mundial e provavelmente o trio em melhores condições desta fase para discutir o título. E a pole position acabou por sorrir a Aleix Espargaró (segunda do ano depois da Argentina, onde ganhou a corrida), que foi mais rápido do que Pecco Bagnaia e Fabio Quartararo. A segunda linha contará com dois pilotos da Pramac, Johann Zarco e Jorge Martín, que têm pelo meio Fabio Di Giannantonio (Gresini).