O primeiro-ministro, António Costa, defendeu esta terça-feira que a União Europeia deve concentrar-se em dar apoio imediato à Ucrânia em vez de se dividir em “longos debates” sobre a adesão do país ao bloco dos 27.

“Para dar este apoio claro e imediato, não precisamos de abrir agora uma negociação ou procedimento que pode levar muitos anos. [O Presidente francês] Macron fala em décadas, eu não digo décadas, mas com certeza muito, muito tempo. O grande risco é que se criem falsas expectativas que se tornam em desilusão amarga. Menos debates legais, mais soluções práticas”, afirmou António Costa, numa entrevista publicada pelo jornal britânico Financial Times.

O primeiro-ministro, que falou ao jornal durante a sua visita a Londres, este fim de semana, afirmou que o seu objetivo é “obter no próximo Conselho Europeu um compromisso claro sobre o apoio urgente e construir uma plataforma duradoura para apoiar a recuperação da Ucrânia”.

“O mais importante não são debates legais sobre a Ucrânia, mas apresentar algo prático”, declarou.

Sem se opor a que seja concedido à Ucrânia o estatuto de país candidato à União Europeia, Costa afirmou que espera pela decisão dos parceiros europeus sobre o pedido de adesão, que a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, prometeu para esta semana.

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Mesmo que a pretensão do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, seja atendida, “os problemas reais continuam por resolver”, considerou o primeiro-ministro português, reforçando que é “essencial responder à emergência que a Ucrânia e o povo ucraniano estão a viver agora”.

À Europa, salientou, cabe manter a unidade demonstrada desde a invasão lançada a 24 de fevereiro pela Rússia, que representou “uma derrota” para o Presidente russo, Vladimir Putin.

“O melhor apoio que a União Europeia pode dar à Ucrânia é manter a sua unidade. O melhor que podemos oferecer é a unidade europeia”, afirmou.

Embora Von der Leyen tenha defendido que se inicie o processo de adesão da Ucrânia, os líderes europeus não têm todos a mesma posição, como afirmou no mês passado o primeiro-ministro dos Países Baixos, Mark Rutte, declarando perante o parlamento do seu país que muitos estados-membros se opõem.

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A Polónia, os estados do Báltico (Estónia, Letónia e Lituânia) e a Itália já se declararam a favor.

António Costa considerou que a ideia avançada por Emmanuel Macron no mês passado para a criação de uma “comunidade política europeia”, que seria uma associação menos formal para países que não queiram ser membros em pleno ou que não cumpram todos os critérios de entrada, “pode ser uma boa ideia para resolver muitos dos problemas”.