Dois veteranos do exército norte-americano terão sido capturados pelas forças russas “numa batalha feroz” nos arredores de Kharkiv (Ucrânia) na quinta-feira da semana passada, revelou o The Telegraph. Alexander Drueke, com 39 anos, e Andy Huynh, de 27 — ambos a servir o exército da Ucrânia como voluntáriospoderão ser os primeiros combatentes dos EUA a ser detidos e a ficarem como prisioneiros de guerra desde o início do conflito, a 24 de fevereiro.

Sob anonimato, um dos companheiros dos dois militares explicou como os perdeu de vista, especificando que estavam numa quando “tudo ficou absolutamente louco, com informações estranhas“. “Disseram-nos que a cidade estava limpa quando se descobriu que os russos já a estavam a atacar“.

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Eles [russos] desceram a estrada com dois tanques T72 e vários BMP3s (veículos blindados de combate) e cerca de 100 soldados de infantaria. A única coisa que havia lá [do lado ucraniano] era o nosso esquadrão de dez homens.”

O “esquadrão de dez homens” colocou-se em posição defensiva e Drueke e Huynh, revelou o soldado, conseguiram destruir com uma granada um veículo de combate russo.

Os combates continuaram e os dois norte-americanos terão desaparecido no “nevoeiro” dos bombardeamentos.

Suspeitamos que eles tenham ficado inconscientes devido a uma mina antitanque ou pelo tanque que disparava sobre eles, porque as missões de busca posteriores não encontraram nenhum sinal deles, nada”, justificou o soldado, acrescentando: “Depois, enviamos drones e tivemos uma equipa de busca ucraniana no solo, mas não continuamos sem encontrar nada: se eles tivessem sido atingidos pelo projétil do tanque, haveria restos dos seus corpos ou equipamentos no local”.

O pressuposto acabou por ser confirmado naquela noite, com o aparecimento de uma mensagem, num canal russo do Telegram, alegando que dois militares norte-americanos haviam sido presos perto de Kharkiv. “É muita coincidência” pois são “os únicos norte-americanos a lutar nesta área”, detalha o colega.

Caso a captura de Drueke e de Huynh seja confirmada oficialmente, “será diplomaticamente sensível”, ressalta o jornal britânico, já que o Kremlin poderá usá-los como prova de que os EUA estão diretamente envolvidos no conflito. “O presidente russo, Vladimir Putin, provavelmente exigirá concessões significativas para libertá-los”, explica.

Drueke é de Tuscaloosa, estado do Alabama, e já tinha servido o Exército dos EUA no Iraque. A mãe Lois admitiu que o filho sofre de stress pós-traumático.

A embaixada dos EUA garantiu-me que estão a fazer tudo o que podem para encontrá-lo e que estão a procurar pelo meu filho vivo, não morto. Estou a fazer o meu melhor para não desmoronar, vou me manter forte. Estou muito esperançosa que vão mantê-lo [vivo] para trocar por prisioneiros de guerra russos.”

Por sua vez, Joy Black, noiva de Huynh, de 21 anos, afirmou à CNN: “Não queremos fazer suposições sobre o que pode ter acontecido neste momento. Obviamente, estão a olhar para vários cenários. E um deles é que podem ter sido capturados. Mas não temos confirmação absoluta disso neste momento.” Black falou pela última vez com Huynh a 8 de junho, “uma conversa bastante normal”.

O casal ficou noivo em março pouco antes do militar partir para a Ucrânia. “Não sabíamos se nos queríamos casar ou ficar noivos antes de ele partir. E decidimos ficar noivos para que, quando ele voltasse, pudéssemos casar-nos e aproveitar e não separar-nos logo depois do casamento”.

Esta notícia surge poucos dias após dois britânicos e um marroquino serem condenados à morte em Donetsk, território controlado pelos russos, acusados de terrorismo e tomada de poder. Foram julgados na condição de “mercenários”.

Poderá a condenação de soldados britânicos ser moeda de troca para recuperar aliado de Putin?