A Lituânia bloqueou, nas últimas horas, o trânsito de mercadorias para o enclave russo de Kaliningrado. O transporte de carvão, metais e materiais de construção para o território fica agora comprometido, sendo que as autoridades lituanas defenderam a aplicação da medida por esta estar em consonância com as sanções aplicadas pela Comissão Europeia contra a Rússia.

A situação foi denunciada por Anton Alikhanov, governador de Kaliningrado, na sua conta pessoal do Telegram na passada sexta-feira. O responsável indicou que o bloqueio parcial obrigará a uma diminuição de 40 a 50% de transporte de mercadorias que a região importa do restante território da Rússia.

Esta segunda-feira, a Rússia reagiu oficialmente à medida. O ministério dos Negócios Estrangeiros emitiu um comunicado, citado pela AFP, a condenar aquilo que diz ser um ação “provocativa” e “abertamente hostil”.

“Se num futuro próximo o trânsito de mercadorias entre a região de Kaliningrado e o resto do território na Federação Russa não for reposto totalmente, então a Rússia tem o direito de agir e proteger os seus interesses nacionais”, lê-se no comunicado.

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Por sua vez, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, descreveu a decisão das autoridades lituanas como sendo “sem precedentes” e “uma violação” das normas internacionais. “A situação é muito séria e requer uma análise antes de se tomar quaisquer medidas e decisões”, avisou.

Em resposta a estas críticas, o ministro dos Negócios Estrangeiros lituano, Gabrielius Landsbergis, salientou, citado pelo canal estatal lituano LRT, que “a Lituânia não está a fazer nada”, mas esta medida é efeito das “sanções europeias que entraram a vigor a 17 de junho”. “A indústria que está impor as sanções é a dos caminhos de ferro, eles informaram os seus clientes que os bens sancionados não podiam atravessar o território lituano”, explicou.

A Ucrânia já veio expressar o seu apoio à decisão lituana. Na sua conta pessoal do Twitter, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dymtro Kuleba, defendeu que a Rússia “não tem o direito de ameaçar a Lituânia”. “Moscovo deve culpar-se apenas a si pelas consequências da sua invasão injustificada da Ucrânia”, afirmou.

Kaliningrado, anteriormente Konigsberg, é um enclave isolado do resto da Rússia que faz fronteira com dois países da UE e da NATO — a Lituânia e a Polónia.