A ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, defendeu nesta segunda-feira que a educação é fundamental para combater o fenómeno dos refugiados e prometeu mais cursos de português.

“Vamos apostar em ter mais cursos de português para que os que aqui cheguem encontrem pontes e não barreiras através da língua”, disse a ministra que tem a tutela das migrações, que falava na apresentação do livro “A aldeia que os monstros engoliram”, em Lisboa.

A apresentação do livro, a história de uma menina moçambicana, foi uma iniciativa da organização não governamental para o desenvolvimento Helpo e aconteceu para assinalar o Dia Mundial do Refugiado.

Lembrando os milhões de crianças que são refugiadas no mundo, a guerra da Ucrânia e as 12 mil crianças que chegaram a Portugal desse país, os refugiados afegãos que chegaram a Portugal, 40% deles crianças, a ministra afirmou: “é preciso dar um futuro a essas crianças”.

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Foi também essencialmente pelas crianças que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, participou alguns minutos na apresentação do livro, uma ação “com pessoas” entre discussões em que participa sobre política de defesa e finanças, como disse.

Mas a presença também, explicou, por saber que estavam ucranianos no evento, e que este era relacionado com Moçambique, a sua segunda pátria.

Aos ucranianos Marcelo Rebelo de Sousa disse que são sempre bem acolhidos, que Portugal os aceita enquanto quiserem, e de Moçambique lembrou as crianças que fogem da guerra em Cabo Delgado (norte) e o trabalho da Helpo para as ajudar.

“Não sei se não custará mais fugir dentro da sua terra, porque se está em casa mas não na parte que se gostaria”, disse o Presidente da República, referindo-se depois ao Dia Mundial do Refugiado para lembrar que no passado também se fugia da guerra, da opressão, da miséria e da injustiça, mas não se sabia como hoje.

E disse que a forma positiva de olhar para o dia que se assinala é como faz a Helpo, mudar um bocadinho a vida das crianças.

A Helpo foi criada há cerca de 15 anos e apoia populações vulneráveis de países pobres, estando em Moçambique desde 2008. Apoia cerca de 57.000 crianças em vários países. A província de Cabo Delgado está a braços com ataques de grupos terroristas há alguns anos.

As crianças, disse Marcelo Rebelo de Sousa, são mais portadoras de esperança do que os mais velhos, e têm, em teoria, “um mundo à sua frente”. “Trata-se de ajudá-las a ter um mundo à sua frente. Vim aqui para agradecer à Helpo e aos que tentam fazer a vida dos outros um bocadinho melhor”, afirmou.

Ana Catarina Mendes, na mesma linha, já tinha dito, referindo-se ao livro, que não se sabe se é possível acabar com os monstros que engolem aldeias, mas que é preciso fazer tudo para isso. ´

O livro, para crianças, foi escrito por Maria João Venâncio, com ilustrações de Luís Cardoso. Conta a história de uma menina de 10 anos, Suzi, que fugiu de casa em Cabo Delgado e caminhou centenas de quilómetros para escapar aos “monstros” que tinham atacado a aldeia onde vivia.

Da cerimónia, na qual participaram também crianças ucranianas apoiadas pela Helpo, fez parte um concerto de músicos refugiados afegãos. E a história do livro foi contada pela cantora moçambicana Selma Uamusse.