O ministro das Finanças defendeu esta terça-feira em Bruxelas que “responder a cada aumento nominal da inflação com aumentos do ponto de vista da despesa pública da mesma dimensão” seria “um erro” que todos os portugueses pagariam “bem caro”.

Falando numa conferência de imprensa após uma reunião de ministros das Finanças da União Europeia, Fernando Medina argumentou que é preciso “ter consciência de que, perante uma crise com esta dimensão, do ponto de vista do aumento dos preços, não há nenhum Estado, nenhum país, que consiga só por si compensar, eliminar os impactos que os aumentos têm na vida dos seus concidadãos”, sendo apenas possível mitigá-los, e considerou que, neste campo, o Governo tem aplicado, “desde a primeira hora, medidas muito importantes”.

Se repararem bem naquilo que está a acontecer nos vários países do mundo, dos mais avançados aos de desenvolvimento médio, aquilo que todos estão a fazer é mitigar, nunca compensar em absoluto, a força deste movimento com que estamos confrontados”, apontou.

O ministro defendeu que, para responder ao fenómeno de aumento dos preços, é preciso “ter uma resposta que, ao mesmo tempo, proteja os segmentos que são mais vulneráveis, que procure atuar sobre aquilo que está a propiciar este aumento de preços, portanto, mitigar esses aumentos, mas que não devem ser instrumentos que possam alimentar ainda mais o processo”.

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Seria uma ilusão, por exemplo, responder a cada aumento nominal da inflação com aumentos do ponto de vista da despesa pública da mesma dimensão. Isso seria um erro. Um erro, aliás, que pagaríamos todos bem caro, de duas formas: a primeira era não resolver o problema de nenhum cidadão; a segunda era criarmos uma situação orçamental insustentável, essa sim altamente prejudicial à vida dos cidadãos”, disse então.

Fernando Medina afirmou que esta “tem sido uma linha muito clara” de orientação, até “porque a inflação, se é de certa forma um fenómeno que foi muito pouco frequente nos últimos 20 anos, para uma parte importante desta geração que hoje estuda e que trabalha no nosso mercado, a verdade é que não é de todo em todo um fenómeno desconhecido dos economistas”, é “um processo que está relativamente bem estudado, e por isso convém não repetir erros que já se cometeram no passado, e que não resolveram e não atacaram de forma adequada o problema”.

Insistindo então que apenas é possível mitigar o fenómeno da inflação, o ministro disse que, neste campo, “o Governo tem, desde a primeira hora, medidas muito importantes destinadas aos vários segmentos e atuando sobre varias áreas”, destacando medidas “de grande importância”, como “uma subsidiação muito forte sobre o preço dos combustíveis”, medidas junto de “públicos mais vulneráveis, como o reforço do apoio para o cabaz alimentar”, apoios adicionais nas áreas da agricultura, do trabalho e das IPSS (instituições particulares de solidariedade social), às empresas consumidoras intensivas de energias e, no Orçamento do Estado já em vigor, aos pensionistas, entre outras.

Confrontado com os números da inflação em Portugal em junho — o Instituto Nacional de Estatística (INE) confirmou que a variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor (IPC) foi de 8,7%, o valor mais elevado desde 1992 —, o ministro que comentou que “o número que foi indicado não é uma novidade” e “por isso não altera o quadro” com o qual o Governo tem vindo a trabalhar.

“Nós temos vindo a adotar medidas de mitigação dos aumentos de preços que têm um grande significado. Um grande significado do ponto de vista da vida de milhões de portugueses, mas também um significado financeiro significativo. Nós temos um leque muito abrangente de medidas que estão a ser colocadas em marcha e que estão a ter o seu efeito na mitigação dos impactos que todos estão a sentir”, reforçou.