Cerca de três centenas de professores juntaram-se esta sexta-feira no Jardim da Estrela, em Lisboa, num plenário da Federação Nacional de Professores (Fenprof) e seguiram em marcha até ao Ministério da Educação para exigir a valorização da carreira docente.

De uma vez por todas, é preciso perceber que os professores fazem falta às escolas, porque a sociedade é toda ela construída com os professores”, começou por sublinhar em declarações à agência Lusa o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira.

Os docentes, na maioria dirigentes e delegados sindicais, começaram a juntar-se pelas 15h00 na Estrela para o plenário nacional de docentes e educadores da Fenprof, e o coreto do jardim serviu de palco para que vários partilhassem as suas preocupações.

Ouviram-se professores sublinhar a importância da luta sindical, defenderem a necessidade de valorizar a carreira docente e todos partilharam um sentimento de cansaço decorrente de problemas que dizem ser antigos e aos quais continuam a faltar respostas.

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“Sabemos que nenhuma das reivindicações é desconhecida do ministro, que durante sete anos foi secretário de Estado”, sublinhou José Costa, secretário-geral adjunto da Fenprof, acrescentando que “se os problemas estão por resolver, o ministro [João Costa] não está isento de responsabilidades”.

No final do plenário, que se prolongou por mais de uma hora, os dirigentes sindicais aprovaram por unanimidade uma moção em que pedem ao Ministério da Educação uma reunião já durante o mês de julho para avaliar o ano letivo, preparar o próximo e definir prioridades para a legislatura.

A moção foi depois entregue no Ministério da Educação, tendo sido para lá que os cerca de 300 professores seguiram, numa espécie de cordão humano que ocupou largos metros da avenida Infante Santo, obrigando ao corte do trânsito.

Pelo caminho, entoaram as palavras de ordem habituais e já sabidas de cor: “A luta continua, nas escolas e na rua”, “Precariedade não, estabilidade sim” ou “Queremos aposentação antes do caixão”.

Um dos grandes problemas identificados pela Fenprof é a crescente falta de professores nas escolas e, sobre esse tema, Mário Nogueira reforçou a principal reivindicação, afirmando que “a questão de fundo é a desvalorização”.

É a desvalorização da profissão docente que leva muitos dos jovens professores a abandoná-la e muitos jovens adolescentes, ao terminarem o ensino secundário, a não a procurar”.

Comentando as medidas apresentadas por João Costa na quarta-feira em audição parlamentar, o secretário-geral da Fenprof disse que “não é com medidas avulsas e retalhos que se resolve o problema”.

Estamos a falar de uma manta que é curta e corremos o risco de, ao puxar a manta para tapar o problema da falta de professores aqui e deixando as outras regiões com horários incompletos, passar o problema para as outras regiões”, argumentou.

Mário Nogueira referia-se, em concreto, a uma medida aprovada na semana passada pelo Conselho de Ministros que prevê que as escolas nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo e Algarve, as mais afetadas pela falta de docentes, possam completar os horários a concurso nas disciplinas com maior carência.

“São medidas avulsas que disfarçam hoje, mas não disfarçam amanhã. O Ministério da Educação tem de ter uma estratégia, que não tem ou não se conhece, e tem de discutir com os sindicatos”, acrescentou Mário Nogueira.

Para o dirigente sindical, precariedade, carreira e aposentações são as três questões fundamentais para as quais a tutela deve discutir respostas para tornar a profissão mais atrativa.

Além da moção aprovada em plenário, a Fenprof entregou também no Ministério da Educação um abaixo-assinado com mais de 18 mil assinaturas, que também já foi entregue na Assembleia da República.