Quem diria que Kate Moss não gosta de selfies e que acha difícil ser ela própria à frente das câmaras? Mas foi assim que contou em entrevista ao podcast Desert Island Discs, da BBC. A modelo falou ainda da importância de dizer a verdade sobre Johnny Depp e recordou alguns episódios do início da sua carreira, desprovidos do glamour da moda. Passou por memórias à boleia da música e confessou-se obcecada por jardinagem.

Moss sabe o que é estar sob o escrutínio e a crítica pública e já provou não ter medo de dar a cara por amigos em situações polémicas. “Eu acredito na verdade e acredito na equidade e na justiça” foi assim que Kate Moss reagiu quando a entrevistadora referiu Johnny Depp e John Galliano como dois exemplos em que a modelo apoiou em público dois alvos de polémicas. “Eu sei a verdade sobre o Johnny, sei que ele nunca me empurrou pelas escadas abaixo e tinha de dizer essa verdade”, disse sobre o ator com quem namorou durante alguns anos. Kate Moss foi uma das testemunhas ouvidas no recente julgamento que opôs Johnny Depp e Amber Heard. Quanto a Galliano, que foi acusado de racismo, disse que “não é uma má pessoa” e justificou a situação com os problemas de álcool que o designer tinha na época.

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Atualmente tem 48 anos, mas continua a ser um dos rostos estrela da indústria da moda. Aos 14, quando voltava de umas férias nas Bahamas com o pai e o irmão, Moss foi abordada para contactar uma agente de modelos. A história é já bem conhecida, afinal Kate foi uma modelo marcante desde cedo, mas a própria confessou que quando lhe disseram para ir para Londres e investir na carreira a mãe respondeu: “acho que não és muito fotogénica”. Kate concordou: “eu também não”. As três décadas que se seguem estão contadas em revistas, cartazes publicitários e jornais.

Diz que, quando começou a ser modelo, chegava a ter oito trabalhos por dia. A mãe acompanhou-a uma vez, porque ela tinha apenas 14 anos, mas depois disse-lhe que estava por conta própria. A top model admite ter tido uma “experiência horrível” para um catálogo de soutiens aos 15 anos. Um homem disse-lhe para tirar o top e depois o soutien e a modelo confessa que sentiu que “algo estava errado”, então pegou nas suas coisas e foi-se embora. O momento serviu para “aguçar os instintos”.

As memórias marcantes na moda passaram ainda pela sessão fotográfica com Corinne Day para a revista Face , numa praia em East Sussex, no Reino Unido. Foi em 1990, quando Kate tinha 16 anos e a modelo recorda que a fotógrafa lhe pediu para “roncar como um porco” para conseguir a fotografia da capa. Chorou muito durante aquele trabalho, porque não queria mostrar o corpo. Day disse-lhe que se não tirasse o top não a chamava para fotografias para a revista Elle. O trabalho, muito difícil, acabou por se tornar num ponto de viragem na sua carreira

Quando questionada sobre a famosa campanha de roupa interior Calvin Klein que protagonizou com Mark Wahlberg, em 1992, diz que não guarda boas memórias. O ator era a estrela enquanto ela, como modelo, sentiu-se “objetificada”, “vulnerável e assustada”.

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Sobre as críticas à sua magreza e acusações do uso de drogas que enfrentou no passado diz que foi “um bode expiatório para os problemas de muitas pessoas”, porque conta que nunca foi anorética e nunca consumiu heroína. A entrevista passou ainda pela publicação na imprensa de imagens de Kate Moss a consumir cocaína, em 2005, e a modelo diz que, na altura, todas as pessoas que conhecia consumiam droga e por isso classifica as reações como “hipócritas” por se focarem apenas nela.

Neste podcast os variados convidados revelam quais as oito músicas, o livro e o luxo que levariam consigo para uma ilha deserta. Kate Moss conta que o livro seria “O Principezinho” e o luxo um cobertor de caxemira, em azul ou rosa. E uma das escolhas musicais foi “Life on Mars” de David Bowie — durante uma fase da sua vida em viveu em Nova Iorque com a família do namorado da altura, o fotógrafo Mario Sorrenti e quando ele estava a tratar de fotografias no estúdio da mãe, que também era fotógrafa, Kate ouvia e dançava ao som desta música e imaginava que era sobre ela. “Era a banda sonora da minha infância”.

Em 2016 abriu a sua própria agência de talentos que conta com a própria filha, Lila, como agenciada. Na entrevista fala ainda sobre o retrato que o pintor Lucian Freud fez de si, revela que, atualmente, vive obcecada com jardinagem desde que se mudou para o campo (mais precisamente para Costwolds) e que gosta de se levantar cedo e fazer a sua meditação. A vida de festas ficou oficialmente para trás.