Ao cair da noite as chamas aproximaram-se de novo de Reboredo, em Vila Pouca de Aguiar, assustando os moradores da aldeia que se juntaram aos bombeiros e aos militares da GNR no combate.

O alerta chegou para o fundo da aldeia, onde as chamas voltaram a lavrar próximo das casas. Um dos moradores cedeu a água, e segundo observou a agência Lusa no local, militares da GNR juntaram-se aos bombeiros para ajudar a combater o fogo.

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Houve, depois, um reforço de bombeiros e de militares da Unidade de Emergência de Proteção e Socorro (UEPS) da GNR e no local juntaram-se também moradores, com batedores nas mãos.

A aldeia para mim é o principal, bem como a família e os meus amigos de cá”, disse Bruno Carocha, emigrante que está há duas semanas em Reboredo e que esta quinta-feira ainda se pôs a caminho da praia, mas acabou por voltar para trás.

À Lusa contou que pensava que esta parte inferior da aldeia já “estava calma”, mas uma reativação veio provocar, de novo, o receio.

“A aldeia esteve praticamente rodeada pelas chamas a tarde toda“, referiu, explicando que é com o batedor de fogo, também conhecido como abafador, que tem ajudado a apagar as chamas.

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Usamos o batedor, pás para deitar terra, enxadas e jipes para transportar água, tudo o que podemos usar. Esta quinta-feira estou mais contente porque vemos bombeiros”, frisou.

Também este emigrante esteve a ajudar a combater o fogo da semana passada, que começou em Cortinhas, Murça, e se alastrou para o município de Vila Pouca de Aguiar.

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Francisco da Eira esta quinta-feira já esteve “em três lados da aldeia”. “Agora é aqui ao pé da minha casa que está a 20 metros”, salientou este morador, que frisou que “o que vale é que há bombeiros em todo o lado”.

A sua preocupação é a “morte das ovelhas”, lamentando que a GNR não o tenha deixado passar com a carrinha que tinha carregada com bidões de água.

“Começou aqui a arder pelas fragas fora e isto é um perigo”, frisou, explicando que, na envolvente da aldeia há muito mato, pinhal e também castanheiros.

Segundo disse o segundo-comandante distrital de operações de socorro de Vila Real, Artur Mota, o incêndio que lavra em Vila Pouca de Aguiar passou esta tarde dos cerca 300 hectares para os cerca de 1.400 hectares de área ardida.

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O perímetro é muito maior, temos meios posicionados, vamos fazer muito trabalho com máquina de rasto durante a noite”, explicou o responsável, referindo que o perímetro deste incêndio já deve rondar os cerca de “cinco a seis quilómetros” e que as máquinas vão abrir caminhos e faixas de contenção.

O objetivo, explicou, é aproveitar a humidade acima dos 80% que se prevê para a noite desta quinta-feira “para combater o máximo possível” porque, depois, o dia de sexta-feira poderá ser muito idêntico ao desta quinta-feira“.

Durante a noite queremos ver se o controlamos todo para depois, durante o dia, ficarmos cá em vigilância”, frisou.

O dia foi quente, o vento soprou com intensidade e tem sido este o cenário que se tem verificando em Vila Real, nos últimos quinze dias, obrigando os operacionais a atravessar o distrito, de Sul para Norte, no combate aos vários fogos que se têm registado.

Segundo o site da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), o fogo de Vila Pouca de Aguiar mobilizava, pelas 22h30, 446 operacionais e 144 viaturas.

O alerta para este fogo foi dado às 17h14 de quarta-feira e, em pouco tempo, verificou-se uma grande mobilização de meios para esta ocorrência que teve uma progressão muito rápida em zona de pinhal.