As festividades de Nossa Senhora do Monte, no Funchal, retomam este ano os moldes tradicionais, mas ainda assim com mais enfoque no aspeto religioso do que no arraial, indicou esta terça-feira a autarquia, sublinhando a atenção dada às “condições de segurança“.

“O mais importante é voltarmos a dar tranquilidade e sobretudo segurança às pessoas que, por vários motivos, ao longo dos últimos anos, se afastaram deste evento”, disse o presidente da Câmara Municipal do Funchal, Pedro Calado, acrescentando: “O passado é o passado, vamos aprender com os erros“.

O autarca social-democrata, eleito pela coligação Funchal Sempre à Frente (PSD/CDS-PP), falava em conferência de imprensa, na apresentação do programa da festa de Nossa Senhora do Monte, padroeira da ilha da Madeira, que se assinala no dia 15 de agosto.

A conferência decorreu no Largo da Fonte, na freguesia do Monte, onde há cinco anos um carvalho de grande porte tombou de um terreno adjacente sobre a multidão que aguardava a passagem da procissão, no dia 15 de agosto de 2017, provocando 13 mortos e dezenas de feridos.

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Queda de carvalho no Funchal. Câmara garante que árvore não estava sinalizada

“Evidentemente que depois do que se passou em 2017 e depois dos dois anos de pandemia [2020 e 2021], pretendemos voltar a ter o mesmo simbolismo do arraial, mas queremos acima de tudo voltar a ter uma festa com impacto muito mais religioso do que festivo“, disse Pedro Calado, sublinhando que será uma festividade “mais controlada”.

O autarca explicou que, por razões de segurança, não é permitido o lançamento de foguetes e todas as colunas de som estão direcionadas para a estrada, no sentido de evitar a trepidação na encosta ao redor da igreja matriz, onde se erguem árvores de grande porte.

“Neste momento, há que trabalhar para dar segurança a quem vive aqui e a quem nos visita e voltar a ter um arraial em honra de Nossa Senhora do Monte com caráter mais religioso”, disse Pedro Calado, reforçando: “Julgamos que este ano está tudo concertado para termos uma festividade com tranquilidade e em segurança”.

Foram licenciadas 39 barracas de comes e bebes e a animação musical está a cargo de vários grupos de música tradicionais e bandas filarmónicas, distribuídos por três áreas: no adro da igreja, no Largo da Fonte e no Largo das Babosas.

A autarquia funchalense apoia o evento com 50 mil euros e a Junta de Freguesia, liderada pela social-democrata Idalina Silva, investiu cerca de 13 mil euros.

As festividades de Nossa Senhora do Monte começaram no dia 5 de agosto, com a realização da primeira novena, e terminam no dia 15, com a celebração de uma missa presidida pelo bispo do Funchal, Nuno Brás, seguida de procissão, na qual, por tradição, participam diversas autoridades regionais.

Na conferência de imprensa deste dia, o presidente da Câmara Municipal do Funchal adiantou estar em estudo a requalificação do Largo da Fonte, projeto que disse ser um “compromisso da autarquia” e que deverá estar concluído o “mais rapidamente possível”.

Em agosto de 2021, poucos dias antes da Festa de Nossa Senhora do Monte, a autarquia funchalense, então governada pela coligação Confiança (PS/BE/PDR/Nós, Cidadãos!), procedeu ao abate de todas as árvores centenárias no Largo da Fonte, após a queda de um galho de grande porte, que não provocou danos nem feridos.

Foram abatidos 15 plátanos e um castanheiro na encosta adjacente.

A festa de Nossa Senhora do Monte data dos primórdios da colonização da ilha e foi até 2017 um dos maiores e mais concorridos arraiais da Madeira, sendo que a devoção dos madeirenses está ligada a um momento trágico na história da ilha, quando uma aluvião registada em 1803 provocou a morte de aproximadamente mil pessoas.

Para ajudar a enfrentar esta calamidade, a diocese do Funchal considerou, no ano seguinte, a Senhora do Monte como a padroeira da Madeira.