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O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, acusou esta terça-feira o Ocidente de usar o povo ucraniano como “carne para canhão”, de modo a “manter a sua hegemonia”. Para manterem o poderio na comunidade internacional, os dirigentes ocidentais precisam de “conflitos”, implementando para o efeito um “projeto anti-Rússia” na Ucrânia. “Fecharam os olhos para a ideologia neonazi, para os massacres em Donbass e continuam a providenciar armas a Kiev.”

Num discurso de oito minutos na décimo aniversário da Conferência de Moscovo sobre Segurança Internacional citado pela agência RIA, Vladimir Putin voltou a justificar a “operação militar especial na Ucrânia”, que foi levada a cabo “em total sintonia com a Carta das Nações Unidas”. “Os objetivos desta operação foram definidos de forma clara e precisa, isto é, garantir a segurança da Rússia e proteger os habitantes de Donbass do genocídio”, reiterou o chefe de Estado russo, que também indicou que os Estados Unidos estão a tentar “arrastar” na guerra da Ucrânia.

As acusações aos Estados Unidos não se ficaram por aqui. O Presidente russo comentou a ida da presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, a Taiwan: “Estão a colocar deliberadamente lenha na fogueira”. “A aventura americana em Taiwan não é apenas uma viagem de um político irresponsável”, afirmou Vladimir Putin, vincando que a visita faz parte de uma “estratégia com o propósito de desestabilizar a caótica situação na região e no mundo”.

“Foi um flagrante desrespeito à soberania de outros países e das suas obrigações internacionais”, acusou ainda Vladimir Putin, referindo que a Rússia interpreta a ida de Nancy Pelosi a Taiwan como uma “provocação cuidadosamente planeada”.

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Com estas movimentações, o Ocidente está a “tentar desviar as atenções dos cidadãos de problemas socioeconómicos”, tais como o aumento do custo de vida, o desemprego e a pobreza. Para Vladimir Putin, os dirigentes ocidentais apontam o dedo à Rússia e à China para esconderem os “fracassos” das políticas que têm adotado.

Acusando o Ocidente de querer criar uma nova NATO para a região do Indo-Pacífico, Vladimir Putin também considera que a organização militar está a aumentar a tensão na Europa. “O Ocidente está a destruir propositadamente o sistema de segurança europeu”, disse, acrescentando que a destruição do equilíbrio de poderes é “hipocritamente declarado como uma necessidade para fortalecer a segurança da Europa” — mas, na realidade, “está a acontecer precisamente o contrário”.

Vladimir Putin acredita que os “contornos de um mundo multipolar” estão a formar-se, algo que contraria os objetivos das “elites do Ocidente”, que, em resposta, “provocam o caso e inflamam velhos e novos conflitos”. Nesse novo mundo, o Presidente da Rússia garante o país participará “ativamente” para “melhorar os mecanismos existentes de segurança internacional, criando também novos”.

Além disso, o líder russo referiu que no novo mundo multipolar a Rússia garantirá os seus “interesses nacionais”, bem como protegerá os “aliados”. O objetivo final? “A construção de um mundo mais democrático, onde sejam garantidos os direitos de todos os povos, a diversidade cultural e civilizacional”.